O deputado federal Sidney Leite (PSD-AM) retomou na Comissão de Educação da Câmara as discussões sobre a criação da Universidade Federal do Médio e Alto Solimões (Ufemas), que surgiria a partir do desmembramento da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O objetivo é que a nova instituição de ensino e pesquisa fortaleça a formação de capital intelectual, amplie pesquisas e impulsione o desenvolvimento econômico na região amazônica.
A proposta foi debatida em audiência pública nesta terça-feira (30/09), que contou com a participação de prefeitos de Tefé, Fonte Boa, Japurá, Uarini e Amaturá, representantes do Ministério da Educação e a reitora da Ufam, Tanara Lauschner. Segundo o deputado, a nova universidade tem caráter estratégico, com potencial de integração regional e internacional e capacidade de articulação para atrair pesquisadores de países vizinhos como Peru e Colômbia.
O parlamentar destacou que, apesar dos discursos em defesa da Amazônia, a região vem sendo relegada à pobreza e que é preciso investir em educação e pesquisa para superar essas dificuldades. “Alguns municípios do Alto Solimões apresentam o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, comparável a regiões da África. Precisamos investir em educação, pesquisa e tecnologia para melhorar a qualidade de vida da população”, ponderou Sidney Leite.
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O deputado acrescentou: “É um direito constitucional que a população que vive na Amazônia também possa acessar uma universidade federal pública e gratuita, mas não só isso: que, numa das regiões mais estratégicas do país e do planeta, possamos estar presentes de forma garantida no desenvolvimento de pesquisa.”
Em participação virtual, o prefeito de Tefé, Nicson Marreira, destacou o impacto local da iniciativa: “Com a universidade, vamos formar profissionais aqui, gerar empregos e estimular a ciência e a inovação no nosso território. Essa conquista fortalecerá a educação, a saúde, o comércio, o setor produtivo e toda a economia local”, disse.
A proposta de criação da Ufemas surgiu ainda durante o governo do ex-presidente Michel Temer, mas, após foi engavetada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, sob alegação de dificuldades orçamentárias. Sidney Leite destacou que o nascimento de uma nova universidade vai ao encontro da política de expansão do governo Lula, que anunciou dois novos institutos federais nos municípios de Manicoré e Santo Antônio do Içá, além da construção de um novo campus da Ufam em São Gabriel da Cachoeira.
“Já tive a oportunidade de dialogar com o presidente da República sobre isso, e ele é uma pessoa preocupada com a educação. Falamos sobre o quanto isso seria importante para o desenvolvimento da região e a integração da pesquisa na Amazônia”, disse Sidney Leite, durante a audiência pública.
Atualmente, a Ufam possui campi em Manaus, Coari, Humaitá, Itacoatiara, Parintins e Benjamin Constant, e está prevista a implantação de um novo campus em São Gabriel da Cachoeira. A reitora Tanara Lauschner disse que as discussões sobre a criação da nova universidade são importantes e precisam avançar. Ela lembrou que uma das propostas iniciais do projeto de interiorização da Ufam era justamente que as unidades regionais servissem como embrião para a formação de novas universidades.
“Para a criação de qualquer nova universidade, é preciso ter estudo de viabilidade e planejamento para que essa viabilidade possa se concretizar. Precisamos de políticas públicas que garantam que os campi alcancem os critérios mínimos para se tornar uma universidade. Nesse sentido, é importante dizer que o Alto Solimões já tem um acúmulo de discussões para se tornar uma universidade”, concluiu Lauschner.
Pela proposta inicial, a Ufemas teria sua sede no município de Coari, com campus em Coari e Benjamin Constant, contando com todas as atribuições de uma universidade federal, incluindo a criação de novos cargos.