A programação do 19º Festival de Teatro da Amazônia (FTA) segue nesta semana com espetáculos das mostras Jurupari, Ednelza Sahdo e Chico Cardoso, no Teatro Amazonas e no Teatro Gebes Medeiros, no Centro de Manaus. A entrada é gratuita em todas as sessões.

Nesta segunda-feira (06/10), às 20h, Ariane Feitoza sobe ao palco do Teatro Amazonas, para apresentar “Hortênsia”, que concorre na categoria “Jurupari Adulto”. A obra é um mergulho profundo entre realidade e fantasia com a protagonista marcada pela sombra de um sequestro na infância. A classificação é de 16 anos.
No palco, Hortênsia revisita memórias fragmentadas e sentimentos contraditórios, expondo ao público sua coragem, fragilidade e o emaranhado de emoções que a aprisionam. Entre lembranças e devaneios, ela revela a complexidade da síndrome de Estocolmo, onde vítima e agressor se confundem em laços de afeto, cumplicidade e dor.
Com dramaturgia de Francisco Mendes, a peça tem Roger Barbosa na direção e iluminação e Wilson do Carmo na sonoplastia e produção, que divide com Ariane Feitoza.
Palhaçaria no Festival de Teatro
Quem abre a programação de terça-feira (07/10), às 15h, no Teatro Amazonas, é Sofia, uma palhaça faxineira interpretada por Ana Oliveira que vive a dureza da realidade de um trabalho pesado e que a coloca, muitas vezes, numa situação de invisibilidade.

Em “Imundo de Sofia”, a plateia acompanha a jornada de trabalho e devaneios dessa figura em um mundo permeado pelo que é cotidiano a essa classe, trata-se de olhar leve e divertido sobre um universo ignorado. A peça faz parte da mostra “Jurupari Infâncias” e tem classificação livre.
Ana Oliveira assina a criação com o diretor do espetáculo, Ricardo Puccetti, além da produção e design gráfico. Denise Bruno participa como Voz Patroa, Igor Falcão e Efrain Mourão vem no apoio técnico, Tabbatha Melo na iluminação e Dione Maciel no figurino.

Às 20h tem “Contos de Carolina”, da Aluá Produções, no Teatro Amazonas, na categoria “Jurupari Adulto”. Com atuação de Daniely Lima e direção de Taciano Soares, o espetáculo de palhaçaria homenageia a vida e obra de Carolina Maria de Jesus, uma das maiores vozes da literatura brasileira. Através da comicidade negra, a montagem transforma as histórias e vivências da escritora em riso, crítica e poesia, revelando a potência da sua voz e a atualidade de suas palavras. A classificação é de 14 anos.
Na equipe estão Lannah Braga na iluminação, Iogan Montefusco na paisagem sonora, Ananda Guimarães na provocação cênica, Marilza Oliveira na preparação corporal, Will Mello Robattini na cenografia e produção. A dramaturgia é de Daniely Lima e Taciano Soares.

Na quarta-feira (08/10), às 15h, é a vez de “Balões”, com Jean Palladino, no Teatro Amazonas. Em cena, um palhaço prepara o espaço e recebe convidados para uma festa de aniversário e entre jogos, romances e partos, Caco flutua na gravidade dos afetos e celebra a saudades daqueles que vieram antes e já voaram. A classificação é livre.
A obra da Barravento Cultural concorre na categoria “Jurupari Infâncias” e tem direção de Jean Palladino, Francine Marie na operação de som e Richard Harts na iluminação.
Povos de terreiro no espaço urbano

A Café Preto Produções Artísticas apresenta às 20h de quarta-feira, no Teatro Amazonas, o espetáculo “Mojubá”, na mostra “Jurupari Adulto”. Com concepção, atuação e direção da atriz premiada Correnteza Braba, a peça investiga o pertencimento dos povos de terreiro no espaço urbano, abordando o racismo religioso e o apagamento histórico dos terreiros em Manaus. A classificação é de 16 anos.
O projeto traz para a cena resultados da pesquisa acadêmica “Encruzilhada: ponto de partida para a criação performativa”, de 2021, que buscou criar experimentos estéticos e sonoros baseados na cultura negra de terreiro.
“Mojubá” conta com Wellington Douglas na assistência de direção, Kanzelu Muka na preparação corporal, Marcelo Rosa e Mady na direção musical, Francisco Ricardo na direção de arte, Paulo Martins na iluminação, Ariska Derìì no figurino e Coletivo das Liliths na provocação cênica. A dramaturgia é assinada por Kelson Succi e Correnteza Braba.
Crianças em movimento

A programação de quinta-feira (09/10) começa com uma mensagem de saúde e bem-estar para o público infantil. A partir das 15h, a Interarte Produções apresenta o espetáculo “Estátua – O Sofá”, na mostra “Jurupari Infâncias”, com classificação indicativa livre.
Juca é um menino que vive grudado no sofá e seus companheiros são televisão e videogame enquanto biscoitos recheados, salgadinhos e refrigerantes compõem o cardápio diário. Durante uma brincadeira, seu corpo trava e Juca não consegue se mover, é o início de uma aventura surreal que o inspira a mudar os hábitos e redescobrir o prazer de se movimentar e cuidar de si.
O personagem vai parar dentro do sofá, onde conhece uma barata que se alimenta dos restos de comida esquecidos e uma formiga hiperativa viciada em açúcar. Juntos, esses insetos excêntricos revelam os segredos sombrios de uma vida sedentária e de uma alimentação desequilibrada até que aparece um ser misterioso, símbolo da saúde e do bem-estar, que mostra a Juca o caminho para uma vida mais ativa e nutritiva.
Em cena estão Ariane Feitoza, Clayson Charles, Wilson do Carmo e Yasmim Barth. A dramaturgia e direção é de Roger Barbosa, a produção executiva de Wilson do Carmo e a sonoplastia de Mariana Libório.
Vida ribeirinha e mistérios da lenda do boto no Festival de Teatro da Amazônia

À noite, a Soufflé de Bodó Company sobe ao palco do Teatro Amazonas, com “Alice Músculo +2”, às 20h. Com direção Geral e dramaturgia de Francis Madson, que também assina figurino e cenografia, a obra mergulha em camadas profundas da memória amazônica e aborda temas urgentes como o infanticídio e o abuso de meninos e meninas, sem perder o fio poético que atravessa o corpo da cena.
A história de Alice, uma criança que enfrenta a dura realidade de abusos e violências, mas tem a força da sobrevivência, concorre na categoria “Jurupari Adulto”, com classificação de 16 anos.
O espetáculo traz no elenco Bruna Polari, Denis Carvalho, Amanda Magaiver e Neuriza Figueira. A produção conta com Viviane Palandi na preparação de atores, Marcos Veniciu na preparação corporal, Diogo Navia na pesquisa e sonoplastia e Babaya Morais, contemplada com o Prêmio Shell de trilha sonora por “Estado de Sítio”, na preparação de voz poética, e Denis Carvalho na produção executiva.
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Boate Viper Paradise no regime militar

Ainda na quinta-feira, às 22h, a Companhia Transversal de Artes Integradas ocupa o Teatro Gebes Medeiros, na avenida Eduardo Ribeiro, 937, no Centro, com a peça “Viper Paradise” na mostra “Jurupari Adulto”. A classificação indicativa é de 16 anos.
Verônica Bourbón é dona da boate Viper Paradise, local que de noite é um paraíso, mas durante o dia pode ser um grande pesadelo. O regime militar está na fase mais violenta quando Manu é resgatada das ruas e guarda o paradeiro de seu companheiro.
Felipe Maya Jatobá vem na direção, dramaturgia, trilha sonora, elenco com Nicka e cenografia em parceria com Robert Moura, que também é responsável pela iluminação. Cia Transversal assina maquiagem e caracterização, Henrique Dias no figurino, Paulo Oliveira e Ana Julia Bertrand na produção.
Sexta-feira no Teatro Amazonas

Na sexta-feira (10/10), às 10h, a Blasfêmea Teatro Company traz a peça “Nina e os Monstros Invisíveis” para o Teatro Amazonas, pela mostra “Jurupari Infâncias”, com classificação indicativa de 10 anos.
Nina é uma criança que perde sua melhor amiga, Felícia, uma pelúcia que desaparece deixando para trás somente seu cachecol. Esse mistério leva a protagonista a conhecer o mundo de Timment Somnia, um lugar imaginário que esconde seres encantadores e criaturas assustadoras, mas quando as ameaças da fantasia começam a se entrelaçar com os medos reais, Nina precisa descobrir a verdade por trás das sombras que a perseguem e confrontar os medos que assombram seu lar.
A direção geral e sonoplastia é de Victória Müller, produção executiva de Lannah Braga e iluminação de Cris Jardim. As atrizes manipuladoras são Alissa Gatto, Lyana Golvin, Taís Vieira, Thays Mendonça e Yasmim Watanabe.

Às 20h, no Teatro Amazonas, tem “O Testamento de Afonso Quirino”, do Corpo Cênio Basileu França, de Goiás, na mostra Ednelza Sahdo, com classificação livre. Uma trupe mambembe andarilha pelas estradas do centro oeste goiano narra a saga da família Quirino.
Após a morte de seu pai, Afonso Quirino, Marlon e sua irmã Candinha se deparam com uma garrafa que guarda o Diabinho em seu interior. Buscando honrar uma promessa feita pelo finado, os irmãos saem em uma jornada à cidade de Trindade em Goiás, acompanhados pela cadela Coalhada, que conta as peripécias dessa caminhada.
No elenco estão Beatriz Matos, Bia Borges, Bori Coutinho, Carla Esper, Dalton Sonassi, Gabriela Soares, Jhamila Oliveira, Júlia Filetti, Matt Coutto, Mística Honorato, Pedro Soares, Pietra Fabiano, Talya Santos.
A dramaturgia e iluminação é de Hélio Fróes, direção de Renata Weber, preparação corporal de Flávia Honorato, preparação vocal de Eduardo Babugem, figurino de Jéssika Hannder, apoio de figurino de Larissa Braga, cenografia de Daniel Herrero e assessoria musical de Abílio Carrascal.
‘Sebastião’ no Gebes Medeiros

“Sebastião”, espetáculo do Ateliê 23 indicado em cinco categorias do Prêmio Cenym de Teatro Nacional em 2025, tem sessão às 22h desta sexta-feira, no Teatro Gebes Medeiros, pela mostra “Jurupari Adulto”. A classificação é de 16 anos.
A peça é inspirada no livro “Um Bar Chamado Patrícia”, do estilista Bosco Fonseca, com memórias da década de 70, direto do Bar Patrícia, aliadas à experiência dos atores em números musicais e depoimentos emocionantes sobre diferentes tipos de violência. O nome é uma referência a São Sebastião e a montagem traz a versão da história do santo para que ele tenha se tornado um patrono da comunidade LGBTQIAPN+.
No elenco estão Taciano Soares, Eric Lima, Francis Madson, Andiy, Elias Difreitas, Jorge Sabóia e José Holanda. Eles dão vida a sete drag queens, Carmencita, Little Drag, Chica, Angel, Vênus, Lady Sinty e Sebastiane.
A banda do espetáculo tem Zanisk e Luana Aranha no baixo e nos beats, Mady na guitarra e Bruno Rodriguez no teclado. A equipe tem ainda Daphne Pompeu na dramaturgia com Eric Lima e Taciano Soares, Emily Danali na assistência de direção, Lacruz na assistência de produção, Lore Cavalcanti e Paulo Martins na iluminação.