O novo golpe tem circulado o país e tirado o sossego dos brasileiros. Conhecido como “Golpe da ligação muda” ou “Roubo da voz”, a fraude inicia com uma ligação telefônica que ao ser atendida, o outro lado da linha permanece mudo. O objetivo é capturar a voz de quem atende para, por meio da Inteligência Artificial (IA), cloná-la e enganar parentes e amigos da vítima.
De acordo com o Professor Doutor Ricardo da Silva Barboza, do curso de Engenharia da Computação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o golpe ocorre quando a vítima atende a ligação. O número é marcado como sendo um número ativo, com o qual os atacantes, posteriormente, vão estar realizando outros tipos de golpes.
“A tática facilita a vida dos criminosos porque de mil números, 200 que estão ativos responderão. Daí chega à outros golpes mais elaborados nos quais, com a resposta da vítima, eles conseguem utilizar a voz coletada contra familiares e amigos, pedindo quantias em dinheiro, por exemplo”, explicou Ricardo Barboza.
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O golpe na prática:
O golpe se divide em duas fases principais. Na captura, a vítima recebe uma ligação de um número desconhecido. Ao atender, o criminoso pode permanecer em silêncio, esperando que a pessoa diga tente iniciar uma conversa. Em outros casos, o golpista inicia um falso atendimento, fazendo várias perguntas para obter uma amostra mais longa e variada da voz do indivíduo.
Já no ataque, com a amostra de voz em mãos, os criminosos utilizam ferramentas de inteligência artificial para modular e criar um padrão da voz roubada. O criminoso então usa a voz clonada em uma nova ligação para pedir dinheiro urgentemente, se passando pela vítima em uma situação de emergência.
O professor da UEA ressalta que a melhor opção é aguardar para saber se o outro lado da linha vai falar algo e, mesmo se falar, ainda pode-se estar correndo perigo.
“Então, hoje em dia, a gente precisa atender ligações de números porque pode se estar esperando a chamada de alguém. Algumas vezes eles colocam o alô do outro lado, para a pessoa pensar que existe alguém real. Então, estamos sendo atacados muitas vezes com sistemas de IA”, enfatizou.

