A inauguração da primeira fábrica de automóveis da BYD no Brasil, nesta sexta-feira (10), em Camaçari (BA), marca um passo decisivo na consolidação da cadeia de mobilidade elétrica no país — e pode trazer impactos diretos sobre a expansão da unidade da empresa no Polo Industrial de Manaus (PIM), onde já são produzidos componentes estratégicos para veículos elétricos.
O complexo baiano, instalado no antigo terreno da Ford, vai abrigar três plantas: uma dedicada à montagem de automóveis elétricos e híbridos; outra focada em chassis e ônibus elétricos; e uma terceira voltada ao processamento de insumos como lítio e ferro-fosfato, utilizados na fabricação de baterias. Com investimento total estimado em R$ 5,5 bilhões, a planta deve atingir uma capacidade de 150 mil veículos por ano em sua fase inicial, podendo chegar a 300 mil em uma segunda etapa.
A conexão entre Camaçari e Manaus está no coração tecnológico dos veículos: as baterias. No PIM, a BYD já opera, desde 2020, uma unidade de produção de baterias de lítio-ferro-fosfato (LiFePO₄), focada especialmente no fornecimento de sistemas de armazenamento de energia para ônibus elétricos.
Recentemente, a empresa deu início à produção local do “blade battery” — um modelo mais seguro e eficiente de bateria, que se tornou referência global e é utilizado justamente em veículos pesados, como os ônibus.
Com o início das operações da nova fábrica na Bahia, a expectativa é que a demanda por módulos e componentes de baterias aumente significativamente, ampliando a importância estratégica da unidade manauara dentro do grupo no Brasil. A planta da BYD em Manaus, que ocupa uma área de 5 mil metros quadrados, já passou por fases de modernização e deverá, nos próximos meses, receber novos investimentos para ampliar sua capacidade produtiva e atender ao crescimento da produção nacional de veículos elétricos.
Fontes ligadas à empresa apontam que a fábrica baiana de ônibus elétricos será interdependente da unidade de Manaus, que fornece os principais módulos de bateria utilizados nesses modelos. Com isso, o Polo Industrial de Manaus não apenas fortalece sua posição como centro de produção de eletrocomponentes, mas também se insere de forma mais decisiva na cadeia de valor da eletromobilidade nacional.
A movimentação da BYD é vista como um divisor de águas no processo de reindustrialização verde do país, ao conectar diferentes regiões em uma cadeia de suprimentos integrada — e com potencial de geração de empregos, inovação e maior valor agregado. Manaus, que já se destaca pela fabricação de motocicletas elétricas, celulares e equipamentos de tecnologia, passa agora a desempenhar papel ainda mais relevante na revolução da mobilidade sustentável.
Em março, durante reunião na Suframa, a diretora responsável da planta de Manaus, Liza Ribeiro, também anunciou uma nova linha de produção de barramentos para atender tanto às fábricas localizadas na Zona Franca de Manaus(ZFM) quanto às de São Paulo e da nova fábrica na Bahia, que produz veículos leves elétricos.