O Amazonas realizou 92 transplantes de órgãos e tecidos no primeiro semestre de 2025, sendo 39 de rim e 53 de córnea. O resultado acompanha o avanço nacional, que atingiu a marca recorde de 14,9 mil transplantes no período, um crescimento de 21% em relação a 2022.
Apesar do bom desempenho, o Ministério da Saúde alerta que o número poderia ser ainda maior, já que 45% das famílias brasileiras ainda recusam a doação. Para enfrentar esse desafio, a pasta acaba de lançar um programa inédito para qualificar o diálogo com familiares e fortalecer o acompanhamento das doações nos hospitais.
O Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot) busca reconhecer e valorizar as equipes que atuam dentro dos hospitais, responsáveis pela identificação de potenciais doadores, logística do processo e a conversa com os familiares. Um momento delicado, de dor, dúvidas e, muitas vezes, falta de informação, mas decisivo para salvar outras vidas. Pela primeira vez, esses profissionais terão incentivos financeiros conforme o volume do atendimento e indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações.
Campanha
Atualmente, mais de 80 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil, sendo 258 no Amazonas, o que reforça a importância de valorizar quem atua diretamente na sensibilização das famílias. A campanha de incentivo a doação de órgãos deste ano do Ministério da Saúde, que já está no ar, reforça a importância de todos informarem a sua família sobre a decisão de doar órgãos.
São as famílias que decidem pela doação ainda no hospital. Com o mote, “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”, apresenta um caso real de uma mãe que disse sim à doação de órgãos do seu filho. E a história de profissionais da saúde que atuam desde o acolhimento das famílias até o transplante do órgão.
Delphina é o hospital de referência no Amazonas
O Hospital Delphina Aziz é referência em transplantes renais desde 2023, com 213 procedimentos realizados até o momento. A média anual triplicou em comparação a 2022, quando os pacientes precisavam ser encaminhados a outros estados por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
O diretor técnico do Delphina, Leandro Moura, destacou a consolidação do serviço. “Já realizamos mais de 200 transplantes renais com sucesso, o que nos tornou referência nesse procedimento. Agora, estamos preparados para avançar em novas etapas, ampliando a capacidade do hospital e oferecendo tratamento dentro do Amazonas, próximo das famílias, sem necessidade de deslocamento para outros estados”, afirmou.
Além dos transplantes renais, o Amazonas também realiza transplante de córnea em clínicas conveniadas à SES-AM. Em breve, o Hospital Delphina Aziz deve iniciar os transplantes de fígado, aguardando apenas a habilitação do Ministério da Saúde.
Autorização eletrônica de Doação de Órgãos facilita o processo no hospital
Desde abril de 2024, os cidadãos podem manifestar e formalizar sua vontade de doar órgãos de forma simples, gratuita e 100% digital, por meio da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO).
Lançada pelo Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal (CNB/CF), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde, a AEDO já soma 237 solicitações emitidas em todo o Amazonas, fortalecendo a política pública de transplantes no Brasil.
“Cada assinatura feita na AEDO representa esperança para milhares de famílias que aguardam por um transplante. O notariado brasileiro tem orgulho de apoiar essa política pública tão importante, aproximando a população de um gesto que pode transformar o futuro de muitas pessoas”, disse o presidente do Colégio Notarial do Brasil – Seção Amazonas (CNB/AM), Marcelo Lima Filho.
Como funciona a AEDO
O processo é totalmente digital, realizado por meio da plataforma e-Notariado. O interessado acessa o site www.aedo.org.br, solicita gratuitamente um Certificado Digital Notarizado, realiza videoconferência com um tabelião de notas e assina eletronicamente o documento, escolhendo quais órgãos deseja doar.
A AEDO passa a integrar automaticamente a Central Nacional de Doadores de Órgãos, podendo ser consultada por profissionais de saúde credenciados no Sistema Nacional de Transplantes. O documento pode ser revogado a qualquer momento pelo cidadão.