Um dos principais motivos de estresse no trânsito de Manaus e, por conseguinte, causas de acidentes, é a conturbada relação entre motoristas e motociclistas, que se acusam mutuamente de imprudência e imperícia em momentos de acidentes.
Para reduzir o impacto dessa situação, o vereador Rodrigo Sá (União) propôs na Câmara Municipal de Manaus que o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) possa criar, após estudos técnicos, faixas exclusivas para a circulação de motos, que hoje circulam entre o carros sem qualquer tipo de controle, regulamentação ou fiscalização.
“Não estou propondo algo novo, pois as motocicletas estão ai nas ruas. Nossa frota é de mais de um milhão de veículos, mais de 300 mil são motos. Todos os meses entram seis mil veículos novos na frota, então é preciso de soluções novas para garantir segurança e fluidez para o trânsito”, defendeu Rodrigo Sá.
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Acidentes de moto são problema de saúde coletiva
O clima de conflito entre motoristas e motociclistas já virou caso de saúde pública pois estudos da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), divulgado na segunda-feira (22/09), mostram que 38% das mortes no trânsito envolvem motos.
Em Manaus, essa estatística se traduz em violência, com grupo de motociclistas cercando motoristas que são acusados por manobras imprudentes que causam acidentes com eles. O ápice dessa violência aconteceu em agosto do ano passado quando um homem foi perseguido e espancado até a morte por um grupo de motociclistas que trabalhavam como entregadores que atuam em redes de aplicativos. Os envolvidos foram presos e respondem a processo por homicídio qualificado no Tribuna de Justiça do Amazonas.
E o conflito não para de crescer, pois segundo estes estudos da SBOT, no primeiro trimestre deste ano, 86% das vítimas de acidentes de trânsito atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS) envolviam motociclistas. Dois anos antes eram 73% e no ano passado 84%. Estes números mostram um crescimento preocupante deste tipo de acidente, que leva o SUS a gastar bilhões de reais anualmente.
Para Rodrigo Sá, as faixas exclusivas deram resultados em cidades nas quais foram implantadas e ajudaram a reduzir estes números apresentados pela SBOT, porém ele adverte que a implantação precisa ser precedida de estudos de viabilidade feito pelos órgãos técnicos.
Com a experiência de quem foi diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas, Rodrigo Sá sugere começar pelas grandes avenidas da cidade e que concentram a maioria do fluxo.

