O filme amazonense ‘Os Avós’, dirigido pela cineasta Ana Lígia Pimentel e concorrente na Mostra Competitiva de Longas-Metragens Documentais do 53º Festival de Cinema de Gramado — realizado de 13 a 23 de agosto — foi descrito pela atriz, escritora e diretora de cinema, Maria Ribeiro, como “urgente e necessário”.
Para ela, a obra chega em um momento-chave: “Estamos, finalmente, falando sobre a adultização da criança. Ana Lígia soube ler o tempo como ninguém. É uma grande cineasta, totalmente conectada à realidade das mulheres da Amazônia, e consegue transformar a denúncia em arte”, afirma Maria, que interpreta a voz de trechos do longa e atua como fio condutor sutil, ecoando perguntas e memórias que atravessam a narrativa.
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‘Os Avós’ percorre comunidades ribeirinhas e áreas urbanas do Amazonas e expõe um fenômeno cultural muitas vezes naturalizado, mas carregado de tensões: homens e mulheres que, aos 30 ou 35 anos, já são avós. Mais que estatística, o documentário mostra como esse ciclo familiar acelerado perpetua desigualdades históricas e desafia noções de tempo, cuidado e destino.
Maria Ribeiro expressa também o desejo de realizar novos projetos com Ana Lígia. “Estou muito honrada de ser a voz que conta essa história. Uma história triste, que precisa despertar atenção — de todos, de uma vez por todas”.
A cerimônia de encerramento e a premiação do Festival de Gramado serão transmitidas ao vivo no dia 23, às 20h45 (horário de Brasília), pelo Canal Brasil.
Ao longo de cinco décadas de Festival de Gramado, o cinema da Região Norte teve poucas participações, mas com resultados marcantes. Em 1982, o amazonense Djalma Limongi Batista recebeu o Kikito de Melhor Direção com ‘Asa Branca: Um Sonho Brasileiro’. Em 2020, o curta ‘O Barco e o Rio’ (Bernardo Abinader) conquistou cinco Kikitos e impulsionou uma nova geração de realizadores amazônicos. Dois anos depois, ‘Noites Alienígenas’ (Acre) foi eleito Melhor Filme. Em 2024, o Pará integrou a mostra competitiva com ‘Mestras’.
Agora, ‘Os Avós’ entra para a história como o primeiro longa-documentário amazonense a disputar a mostra competitiva, reafirmando a Amazônia como território de inovação estética e reflexão política no cinema brasileiro contemporâneo.