O escritor amazonense Milton Hatoum foi eleito, nesta quinta-feira (14), para a cadeira número 6 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o jornalista Cícero Sandroni, falecido em junho de 2025. A eleição ocorreu cinco dias antes do autor completar 73 anos e contou também com a participação de Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Antônio Campos, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia. Hatoum foi o primeiro candidato a formalizar a inscrição na disputa.
Nascido em Manaus, em 1952, filho de imigrantes libaneses, o escritor teve sua infância marcada por histórias familiares que influenciaram sua obra. Seu avô paterno chegou ao Brasil em 1904, passando pelo Acre antes de retornar ao Líbano. Mais tarde, seu pai, Hassan Hatoum, estabeleceu-se na Amazônia, onde se casou com Naha Assi Hatoum.
O interesse pela leitura surgiu cedo, impulsionado pela escola e por autores como Graciliano Ramos, Machado de Assis e Jorge Amado. Aos 15 anos, mudou-se para Brasília, onde publicou seu primeiro poema no Correio Braziliense, em 1969. No ano seguinte, ingressou no curso de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP), frequentando também aulas de literatura e teoria literária.
Entre suas principais obras estão Relato de um certo oriente (1989), vencedor do Prêmio Jabuti, Dois irmãos (2000) e Cinzas do norte (2005), todos publicados pela Companhia das Letras. Outros títulos incluem Órfãos do Eldorado (2008), A noite da espera (2017) e Pontos de fuga (2019). Dois irmãos foi adaptado para minissérie pela TV Globo e Globoplay, enquanto Relato de um certo oriente ganhou adaptação cinematográfica em 2024, dirigida por Marcelo Gomes.
Com sua eleição, Hatoum reforça a presença da literatura da região Norte na ABL. A posse está prevista para os próximos meses, marcando um momento de renovação da instituição, que em 2025 já recebeu nomes como Ana Maria Gonçalves e Míriam Leitão.