Singularidade, ancestralidade, espiritualidade, história, amor, sensibilidade e Amazônia. Todas essas palavras definem o espetáculo “Banzerê – Experimentações Sonoras”, que possibilita ao público um passeio por paisagens sonoras em uma experiência musical, sensorial, plural e profundamente conectada com a sonoridade amazônica contemporânea.
O espetáculo acontece na quinta-feira (21/08), às 19h, com entrada gratuita e duração de uma hora e 20 minutos, no palco do Teatro Gebes Medeiros, no Centro de Manaus. Nele o público pode conferir o som de um instrumento de cordas criado no Amazonas, que embora ainda pouco conhecido, serviu de base para dois EPs lançados recentemente.
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O projeto tem o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Amazonas por meio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
O show “Banzerê – Experimentações Sonoras” é parte de um projeto protagonizado pelo músico e pesquisador Christian Martinez, que há mais de duas décadas se dedica ao estudo e à performance do banzerê, um instrumento de cordas criado no Amazonas, idealizado pelo também músico George Jucá.
“Banzerê é o som das águas, das cordas e das raízes. Um instrumento amazônico e único, que pulsa com o coração da floresta”, explica Martinez.
Desde que recebeu o instrumento, Martinez desenvolveu uma técnica própria de execução e criou trilhas instrumentais autorais com base em suas possibilidades timbrísticas únicas.
“No momento que o boi-bumbá passou a usar o charango e o cuatro venezuelano, ele [George Jucá] teve a ideia de fazer um instrumento inspirado nesses dois. E aí, o apresentei ao luthier Júnior e ele passou mais de um ano desenvolvendo esse instrumento. Eu encontrei o George dois anos depois que ele iniciou esse projeto. Então eu peguei o instrumento e me identifiquei muito, achei que a sonoridade ficou muito transcendental na época. Quis o instrumento, insisti muito, e ele me vendeu. E aí, de lá para cá, eu venho desenvolvendo um trabalho, vamos dizer assim, uma nova forma de harmonização, vou encontrando montagens harmônicas que eu gosto da sonoridade, e dali as coisas vão surgindo. E se passaram esses anos… O instrumento tem um selo de 2001, estamos em 2025, então o instrumento tem 24 anos de idade”, revela Martinez.
Raro e singular, o banzerê carrega sonoridades que dialogam com a paisagem sonora amazônica e o experimentalismo musical contemporâneo.
Ao lado de Christian, está a cantora, professora de canto e performer Gabriella Dias, que contribui com intervenções vocais e percussivas que transitam entre o intuitivo, o corporal e o experimental.
A performance também contará com participações especiais, da percussionista e multi-instrumentista Clara Rimoli e da flautista Sara Ortas ampliando os diálogos musicais e criando momentos de improviso coletivo.
Mais do que um show, o projeto propõe um mergulho nos sentidos, nas texturas do som e na criação coletiva, homenageando a inventividade musical do Norte do Brasil.