Segundo a edição mais recente do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2021), apenas 45,7% dos bebês brasileiros recebem amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida. Embora o percentual tenha crescido nas últimas décadas (em 1986, era de apenas 4,7%), ele ainda está abaixo da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030, que é de 70%.
Os principais obstáculos incluem as dificuldades enfrentadas pelas mães e a ausência de apoio e orientação profissional adequada. Rachaduras nos mamilos, dores e inflamações são desconfortos frequentes que podem desestimular a amamentação. Esses problemas geralmente estão associados a uma pega incorreta ou à falta de informações sobre como aliviar os sintomas. Por isso, o apoio de profissionais de saúde desde a gestação é essencial.
“A orientação multidisciplinar durante a gravidez e o período de amamentação é fundamental para o sucesso desse processo. O farmacêutico surge como um dos profissionais de saúde mais acessíveis, presente em farmácias próximas à população, pronto para oferecer orientações iniciais e recomendar produtos seguros que podem fazer toda a diferença”, afirma o supervisor farmacêutico da rede Santo Remédio, Jhonata Vasconcelos.
Segundo ele, além de orientação para que procurem um profissional especializado, mulheres que chegam às farmácias com desconfortos nos seios por causa da amamentação também recebem indicações de produtos que ajudam a aliviar seus sintomas, a depender do caso.
Entre os recursos possíveis de serem indicados pelo farmacêutico, estão pomadas à base de lanolina pura, recomendadas para hidratar os mamilos e auxiliar na cicatrização de fissuras. “Esses produtos podem ser aplicados após as mamadas e não precisam ser removidos antes da próxima”, explica o profissional.
Outros aliados são as conchas mamárias e os absorventes para seios. “As conchas ajudam a proteger os mamilos sensíveis ou lesionados do contato direto com o sutiã, evitando atrito e permitindo que a pele respire. Já os absorventes de boa qualidade previnem vazamentos e mantêm a região seca, reduzindo a umidade que pode favorecer irritações”, detalha Vasconcelos.
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As bolsas térmicas de compressa quente ou fria também contribuem para o conforto da mãe. “Compressas frias aliviam dor e inchaço, comuns nos primeiros dias após o parto ou em casos de leite empedrado. Já as mornas auxiliam na saída do leite antes da mamada ou da ordenha”, diz o farmacêutico.
O profissional chama atenção para a importância de utilizar produtos com procedência garantida. “É crucial evitar bombas extratoras de leite irregulares ou sem certificação da Anvisa. Equipamentos inadequados podem causar lesões mamárias, comprometer a produção de leite e até colocar em risco a saúde do bebê, caso não garantam a higiene e segurança necessárias”, alerta.
O farmacêutico enfatiza que, diante de sintomas como dores intensas, vermelhidão, calor local, febre ou dificuldades persistentes para amamentar, é indispensável buscar avaliação médica imediata. “É fundamental evitar qualquer procedimento ou uso de medicação sem orientação profissional”, completa.
De acordo com o Ministério da Saúde, a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses reduz o risco de infecções respiratórias, diarreias e doenças alérgicas, além de fortalecer o vínculo entre mãe e bebê. Nesse cenário, a atuação do farmacêutico como porta de entrada para o cuidado é uma ferramenta estratégica para promover saúde de forma ampla e acessível.