Com o avanço das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) e o surgimento de plataformas que oferecem “acolhimento emocional” e “terapia automatizada”, especialistas em saúde mental vêm chamando atenção para os possíveis riscos desse tipo de interação digital. A psicóloga Maria do Carmo Lopes, especialista em Saúde Mental, alerta que o uso dessas ferramentas pode, em vez de ajudar, agravar quadros de depressão, ansiedade e outros transtornos.
“É impossível que uma máquina, um robô, compreenda o ser humano e suas complexidades. O vínculo emocional é a base do processo terapêutico. Sem ele, não há confiança para compartilhar dores, vivências e emoções”, afirma Maria do Carmo. Segundo ela, o relacionamento terapêutico entre psicólogo e paciente é essencial e insubstituível, principalmente nos casos mais graves.
A especialista destaca que uma das maiores preocupações está na condução de situações delicadas por sistemas automatizados, sem capacidade de empatia ou julgamento clínico. “Uma resposta automatizada e sem sensibilidade humana pode causar sérios danos. Nós, psicólogos, seguimos um Código de Ética que assegura a privacidade do paciente. Já os aplicativos podem expor informações confidenciais, tornando-as vulneráveis a falhas e acessos indevidos”, alerta.
LEIA TAMBÉM: Você lava sua garrafinha de água todo dia? Conheça riscos invisíveis da má higiene
Além das questões éticas e técnicas, Maria do Carmo chama atenção para os efeitos sociais do uso constante dessas tecnologias. “Se o uso contínuo das telas já contribui para o isolamento social, essas plataformas podem intensificar ainda mais esse afastamento das relações humanas e da criatividade, elevando, inclusive, os índices de depressão e ansiedade”, ressalta.
Embora o fácil acesso a esse tipo de tecnologia possa atrair pessoas em busca de ajuda rápida, a psicóloga reforça que não se trata de uma alternativa segura à psicoterapia. “O ser humano não é uma máquina. A escuta terapêutica exige preparo técnico, empatia e compreensão profunda da experiência humana. Substituir isso por algoritmos pode representar um retrocesso no cuidado com a saúde mental”, conclui.
Maria do Carmo realiza atendimentos individuais e em grupo em sua clínica, localizada na Rua Nicolau da Silva, nº 25, bairro São Francisco.