Um monitoramento aéreo realizado pelo Greenpeace Brasil identificou 542 balsas de garimpo operando intensamente no leito do Rio Madeira, em um trecho que se estende de Calama (RO) a Novo Apuranã (AM). As imagens foram registradas em 19 de julho durante um sobrevoo da organização, e apontam a presença de dragas em 22 pontos ao longo do rio, muitas delas próximas a áreas protegidas, como a Reserva Extrativista Lago do Cuniã e a Terra Indígena Lago Jauari.
Segundo o Greenpeace, a quantidade de embarcações dedicadas ao garimpo cresceu significativamente nos últimos meses. Em janeiro e fevereiro deste ano, o número era de 130 balsas. Já na segunda quinzena de junho, subiu para 285. Entre os dias 15 e 18 de julho, o levantamento detectou 542 estruturas operando na região — um aumento de 316,92% em apenas cinco meses.
O flagrante integra um trabalho contínuo de monitoramento feito pelo Greenpeace Brasil, com o apoio da plataforma de inteligência Papa Alpha, que utiliza imagens de radar do satélite Sentinel-1 da Agência Espacial Europeia. Essa tecnologia permite identificar estruturas metálicas mesmo em regiões cobertas por nuvens e emitir alertas quase em tempo real sobre possíveis atividades ilegais.
“Cada balsa ilegal significa mercúrio nos rios, florestas destruídas e vidas ameaçadas. Estamos falando de uma atividade criminosa que não apenas devasta o meio ambiente, mas também deteriora a qualidade da água e contamina os peixes da região, impactando diretamente as comunidades que dependem desses recursos”, afirmou Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.
Daflon acrescenta que o avanço da tecnologia tem sido decisivo no combate ao garimpo: “Com o uso dessa nova tecnologia, sabemos onde estão as balsas, quando chegam e como se movem. Isso é um passo decisivo para responsabilizar os culpados e pressionar as autoridades a tomar uma atitude à altura da destruição em curso.”
O Greenpeace informou que os dados coletados estão sendo encaminhados ao Ministério Público, Ibama e Polícia Federal. O objetivo é acelerar a resposta institucional e promover uma atuação mais efetiva contra o avanço do garimpo ilegal na Amazônia. A organização também estuda a ampliação do sistema de monitoramento para outros rios afetados, como o Tapajós e o Teles Pires.