O casal preso em flagrante pela Polícia Civil do Amazonas sob suspeita de envolvimento em um esquema de aborto clandestino na região metropolitana de Manaus cobravam entre R$ 1 mil e R$ 1,6 mil por procedimento. As investigações revelaram que os serviços ilegais eram oferecidos por meio de plataformas de comércio eletrônico e redes sociais.
“As investigações se iniciaram aproximadamente uma semana, quando tomamos conhecimento a partir de uma denúncia, dando conta de que uma quadrilha estaria atuando, realizando de forma clandestina abortos aqui na região metropolitana de Manaus”, afirmou o delegado Cícero Túlio, responsável pelas investigações. Segundo ele, os policiais conseguiram identificar os suspeitos e realizar a prisão em flagrante no momento em que a mulher chegava para realizar um aborto com pílulas abortivas e outros materiais usados no procedimento ilegal.
A polícia informou que, nos últimos dois meses, , Adailton Cruz de Souza, de 35 anos, e Daiane dos Santos Vicente da Silva, de 33, realizaram pelo menos 12 abortos com o consentimento das gestantes. O casal oferecia o que foi descrito como “consultoria”, com orientações presenciais e virtuais, além da venda de medicamentos abortivos.
“A partir de então demos voz de prisão em flagrante em razão desses dois suspeitos pela prática do crime de corrupção e adulteração de produto para fins terapêuticos e medicinais e também pelo tráfico de drogas e associação para o tráfico, além do aborto com consentimento da gestante”, detalhou Cícero Túlio.

Uma das mulheres envolvidas, que teria realizado um aborto dois dias antes da prisão do casal, foi localizada pela polícia e levada à delegacia, onde confessou ter adquirido os medicamentos diretamente com os suspeitos.
Os abortos eram realizados nas residências das próprias gestantes, sem qualquer estrutura médica ou acompanhamento profissional. “Eles não tinham qualquer formação na área de medicina ou qualquer área de saúde”, explicou o delegado. Ainda segundo a investigação, uma terceira pessoa, responsável por fornecer os medicamentos e orientações técnicas, está sendo identificada.
“Os autores acabavam publicando em redes sociais de comércio eletrônico o anúncio dos seus serviços, tanto na venda de pílulas utilizadas para a prática dos abortos, como também na espécie de consultoria e assessoria”, explicou a autoridade. Casos envolvendo gestantes com mais de cinco meses de gravidez também foram identificados, o que, de acordo com a polícia, representava “grande risco para a própria gestante”.
O casal responderá por aborto com consentimento da gestante, tráfico de drogas, associação para o tráfico e adulteração de produto destinado a fins terapêuticos. As investigações seguem para identificar outros envolvidos no esquema.