As ruínas de Paricatuba, em Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus), seguem despertando curiosidade e encantamento. Construído no século XIX, o imponente edifício já funcionou como abrigo para pessoas com hanseníase, casa de detenção, e hoje resiste ao tempo atraindo turistas. Moradores da região se mobilizam para preservar o local e reforçar o papel do espaço como motor de desenvolvimento econômico, com geração de emprego e renda para a comunidade.
Há pouco menos de um ano comunitários de vilas que estão no entorno das ruínas de Paricatuba começaram a participar de um novo projeto que pretende estruturá-la como uma comunidade empreendedora e sustentável, com foco na prática do turismo de base comunitária. Trata-se do projeto de rota turística “Viva Paricatuba”, que agora busca manter os muros em pé diante de um risco de desabamento.
“Eu sempre ouvi dizer que Paricatuba tem um potencial incrível. Mas falta ajuda, falta que os gestores públicos olhe para nossa comunidade, então através desse projeto que já tem dez meses, já melhorou muito a nossa comunidade em termo de visibilidade”, relata a líder comunitária Jacqueline Lins, moradora da comunidade Vila do Paricatuba.
O projeto é realizado pelos próprios moradores das comunidades que estão ao redor das ruínas de Paricatuba com apoio de órgãos públicos e empresas. O projeto para implantar uma rota turística na área contou com o apoio do Sebrae Amazonas, Bemol, Singulari Consultoria, com realização do Impact Hub Manaus e parceria com o Centro Social de Paricatuba, Iguana Turismo e o Grupo de Apoio Vila de Paricatuba.
A proposta busca fortalecer o turismo de base comunitária ao apoiar a organização local, composta por cerca de 150 famílias distribuídas em seis comunidades, com ações voltadas para o uso consciente do território, dos recursos naturais e dos espaços históricos da região. A estratégia visa preservar a memória e os aspectos culturais da vila, impulsionar o desenvolvimento sustentável e estimular a geração de renda e oportunidades de trabalho para os moradores.
“Hoje, através do projeto, pelo menos doze pessoas que trabalham diretamente nas ruínas estão fazendo cursos de inglês, de atendimento ao público, entre outros cursos. Também ajudamos com a sinalização de várias áreas perigosas, além de manter guias para contar aos turistas sobre a história das Ruínas de Paricatuba”, destaca a líder comunitária
A iniciativa Viva Paricatuba também está alinhada a uma abordagem que prioriza a valorização dos saberes e práticas locais, bem como a gestão coletiva de roteiros turísticos, com participação ativa da comunidade. Entre os objetivos do projeto está a prevenção do apagamento histórico e cultural da vila, por meio da promoção de atividades que envolvam o patrimônio natural e construído da localidade.
“Futuramente buscamos criar um espaço para artesanato para que mais comunitários também gerem renda através deste projeto.” afirmou ainda Jacqueline
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Paricatuba precisa de atenção
Um relatório feito pela Defesa Civil do Amazonas destaca que algumas áreas inspecionadas do Sítio Arqueológico de Paricatuba apresentam um grau de risco crítico, tanto para a segurança, saúde e bem-estar de seus ocupantes, quanto para a manutenção da integridade física e histórica do edifício.
“Torna-se, portanto, imprescindível e emergencial a realização de uma reforma completa”, diz trecho do relatório, assinado pela engenheira civil Jéssyca Lever Dantas.
Símbolo da rica história do Amazonas, as ruínas de Paricatuba merecem atenção do poder público. “Sabemos que nada é para sempre, mas é possível mantermos os muros em pé e é isso que toda a comunidade está disposta a fazer”, disse Jacqueline Lins.
