O uso de medicamentos sem orientação médica é uma prática comum no Brasil, mas pode trazer sérios riscos à saúde. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia, 86% dos brasileiros admitem tomar remédios por conta própria, especialmente em casos de dor de cabeça, gripes, resfriados, febre e dores musculares. Especialistas reforçam a importância de buscar orientação profissional antes de recorrer ao uso de qualquer substância.
Entre os remédios mais utilizados sem receita médica estão os analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, antiácidos e sedativos. Apesar de parecerem inofensivos em um primeiro momento, o uso indiscriminado desses medicamentos pode causar efeitos adversos graves e até mascarar sintomas de doenças mais sérias.
“Tomar um analgésico para aliviar uma dor frequente pode parecer uma solução rápida, mas sem investigação médica, isso pode atrasar o diagnóstico de uma condição mais grave”, alerta o supervisor farmacêutico da rede Santo Remédio, Jhonata Vasconcelos.
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Anti-inflamatórios e antibióticos
Os anti-inflamatórios, por exemplo, costumam ser utilizados sem controle em casos de dores musculares ou articulares. No entanto, o uso prolongado ou em doses elevadas pode afetar o funcionamento dos rins e causar problemas gástricos, como úlceras e hemorragias, ou hemorragias.
Já os antibióticos, embora indispensáveis no tratamento de infecções bacterianas, são um dos medicamentos mais preocupantes quando utilizados sem prescrição. O uso inadequado contribui para a resistência bacteriana, um problema de saúde pública que dificulta o tratamento de doenças no futuro.
“Quando o paciente usa antibióticos sem precisar, ou interrompe o tratamento antes do tempo, ele não somente prejudica a própria recuperação, mas também contribui para o surgimento de bactérias mais fortes, que não respondem mais aos medicamentos disponíveis”, explica Jhonata.
Antiácidos e calmantes
Outro exemplo é o dos antiácidos, geralmente usados para aliviar azia ou má digestão. Apesar de parecerem inofensivos, seu uso contínuo pode esconder doenças do trato gastrointestinal, como gastrite e até câncer. Além disso, o excesso pode interferir na absorção de nutrientes essenciais.
Os sedativos e calmantes, por sua vez, são medicamentos que exigem cuidado redobrado. Sua utilização sem controle pode causar dependência e afetar o sistema nervoso central. “Muita gente toma por conta própria para dormir melhor ou reduzir a ansiedade, mas esses remédios têm efeitos colaterais sérios e precisam de acompanhamento”, reforça o farmacêutico.
Medicamentos sem orientação geram riscos
A orientação dos profissionais de saúde é clara: mesmo que o sintoma pareça simples, é sempre melhor buscar uma avaliação com médico ou farmacêutico. Em muitos casos, um atendimento rápido e a escolha correta do medicamento evitam complicações futuras.
“A automedicação parece algo inofensivo, mas pode virar um problema grave. O uso racional de medicamentos é um direito e um dever de todos, e o farmacêutico está aqui justamente para orientar, esclarecer dúvidas e ajudar o paciente a cuidar da saúde com segurança”, conclui Jhonata Vasconcelos.