Um lixão flutuante localizado no vilarejo de Islândia, em território peruano, tem causado preocupação ambiental e sanitária na região da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. A poluição atinge diretamente o rio Javarizinho, braço do rio Javari e afluente do rio Amazonas, cujas águas seguem em direção ao município de Benjamin Constant, no Amazonas.
A estrutura irregular, instalada sobre o leito do rio, é utilizada para o descarte de resíduos sólidos, incluindo lixo orgânico, resíduos domésticos e até lixo hospitalar, conforme apurada por equipe técnica da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM). A situação representa riscos à saúde de comunidades ribeirinhas e populações indígenas da região, além de ameaçar o ecossistema local.
Moradores da cidade brasileira de Benjamin Constant relatam que o lixão existe há mais de duas décadas. Durante esse período, a comunidade vem fazendo reiteradas denúncias e solicitações às autoridades em busca de uma solução para o problema. Os resíduos despejados no rio têm causado contaminação da água utilizada para consumo e banho, além de comprometer a fauna aquática e, por consequência, a cadeia alimentar das comunidades dependentes da pesca.
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A crise ganhou destaque nacional após recente repercussão na imprensa e motivou uma articulação institucional que busca a cooperação entre os governos do Brasil, Peru e Colômbia. A proposta é promover ações conjuntas que levem à remoção do lixão flutuante e à adoção de medidas de saneamento básico e destinação ambientalmente adequada dos resíduos produzidos em Islândia.
O risco à saúde pública é elevado, com possibilidade de liberação de substâncias tóxicas e metais pesados nas águas do rio. A contaminação pode resultar na proliferação de doenças entre a população local, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como povos indígenas e comunidades tradicionais. Segundo relatos de agentes locais, é necessário implementar medidas urgentes de controle, bem como a realização de exames de qualidade da água e o monitoramento contínuo dos impactos ambientais.
Autoridades locais da região do Alto Solimões reforçam que a destinação adequada do lixo produzido em Islândia precisa ser revista urgentemente. A estrutura flutuante, inadequada para o volume e tipo de resíduos gerados, tornou-se foco de contaminação contínua de um dos mais importantes afluentes do rio Amazonas. A busca por soluções viáveis inclui também o envolvimento de organismos internacionais de proteção ambiental e de saúde pública.
Enquanto a cooperação internacional é discutida, as comunidades afetadas seguem aguardando providências que tragam respostas concretas para o problema, que já foi identificado como acumulado por décadas. O Segundo a Segundo procurou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) que por meio de nota afirmou que o governo brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), propôs ao Peru, em 18 de junho, durante reunião do Grupo de Cooperação Ambiental Fronteiriça (GCAF), uma alternativa conjunta para destinação de resíduos sólidos da região de Islândia. A proposta inclui o uso compartilhado de um aterro sanitário, com contrapartidas a serem definidas pelos governos locais. A nota diz ainda que o tema será retomado na próxima sessão do GCAF, marcada para 10 de julho e que Brasil e Peru já mantêm cooperação ativa na área ambiental, com foco no manejo sustentável de resíduos, proteção hídrica e melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas, especialmente nas regiões do Acre e Tahuamanu.