Inconformado com o resultado do 58º Festival Folclórico de Parintins 2025, que terminou com o Boi Garantido como campeão, o presidente do Caprichoso, Rossy Amoedo, lançou acusações contra o corpo de jurados do festival, nesta segunda-feira (30/06), e prometeu levar do Bumbódromo para os tribunais a disputa do título do maior evento cultural do Norte do Brasil.
Todos os anos, o Festival de Parintins é decidido por um corpo de jurados que, não raro, é alvo de ilações e críticas. A Prefeitura de Parintins, que atualmente é comandada por Mateus Assayag, liderou o atual processo de seleção dos jurados – permeado por reclamações do boi Garantido, que alegava falta de transparência no novo método.
Presidente do Bumbá Vermelho, Fred Góes deixou de participar de duas reuniões, mas no dia 19 de junho, os problemas pareciam ter sido equacionados e o prefeito de Parintins conseguiu reunir os presidentes dos dois bois, assim como o então presidente da Comissão de Escolha de Jurados, Hudson Corrêa, e o juiz da Comarca de Nhamundá, Marcelo Cruz de Oliveira, para divulgar que, enfim, a lista tinha sido definida.
À imprensa, Rossy Amoedo elogiou o processo de escolha dos jurados e o classificou como ‘transparente e maduro’, conforme matéria do site De Amazônia, que é especializado na cobertura de notícias de Parintins.
Depois disso, o tema jurados voltou à pauta dos bumbás e as direções dos bois Caprichoso e Garantido apresentaram pedidos de impugnação de nomes, alegando supostos vínculos de parcialidade. Hudson Corrêa, por exemplo, foi afastado da presidência após a lista com os nomes ter sido vazada.
O Boi Garantido tentou substituir parte da comissão julgadora antes do início das apresentações. O pedido, dirigido ao Governo do Amazonas, a Prefeitura de Parintins e a Comissão Julgadora do Festival, foi rejeitado em todas as instâncias do Judiciário amazonense.
A primeira decisão, assinada pela juíza plantonista Renata Tavares Afonso Fonseca Costa, indeferiu o pedido da associação. Posteriormente, o Tribunal de Justiça do Amazonas também negou o recurso, com decisão do desembargador Cláudio Roessing, proferida às 13h09 da sexta-feira (27).
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Justiça negou pedidos do Garantido às vésperas do Festival
“As alegações de parcialidade dos jurados exigem provas robustas e o mínimo do contraditório para fins de se firmar uma premissa sobre sua veracidade e, diante da proximidade do início do Festival, na data de hoje, não se mostra adequada a interferência judicial em evento de grande repercussão”, afirmou o desembargador.
A ação do Garantido pedia, com urgência, a substituição de três jurados: Matheus Foster Dias, Joana Ramalho Ortigão Corrêa e Adriano Azevedo Gomes de Leon. O boi vermelho alegava que os nomes tinham vínculos pessoais ou profissionais com o Boi Caprichoso, o que violaria o regulamento do evento. A solicitação incluía ainda um novo sorteio da banca avaliadora, com acompanhamento do Ministério Público. A Justiça, no entanto, considerou que a mudança de jurados horas antes do evento comprometeria a estabilidade institucional e a credibilidade do festival.
Mesmo tendo pedido a impugnação do jurado Marcos dos Santos Moreira, o Caprichoso criticou a ação judicial do Garantido e disse que ela prejudicava o Festival. “É a terceira vez que o Garantido tenta mudar o júri da festa. O que estão fazendo é tentar mudar as regras no dia da festa, sem apresentar motivos justos para a troca dos jurados”, disse Amoedo.
Nesta segunda, Rossy foi enfático ao contestar as notas da jurada Hylnara Anny Vidal. Antes de deixar a sala de apuração no Bumbódromo, ele reclamou da pontuação recebida pelo levantador de toadas Patrick Araújo e acusou a jurada de favorecer o Garantido. Hylnara atribuiu sete notas 10 ao Garantido em todas as noites, enquanto deu múltiplas notas abaixo de 10 ao Caprichoso.
“É uma falta de respeito com o Caprichoso, com o investimento, com dinheiro público, com o festival. Eu não vou respeitar, não tem como”, disse Amoedo. O dirigente já havia solicitado anteriormente a impugnação da jurada por supostas ligações com integrantes da comissão do Garantido, mas o pedido não foi atendido.
Confira imagens da apresentação do Caprichoso
Vazamento de nomes jurados
Faltando menos de uma semana para o primeiro dia do Festival, no dia 24 de junho, a Comissão Organizadora do 58º Festival Folclórico de Parintins anunciou a substituição de dez jurados que iriam avaliar os bois-bumbás Garantido e Caprichoso na edição deste ano. A medida foi tomada após o suposto vazamento do nome de um dos membros do júri original, o que acendeu o alerta quanto à imparcialidade do processo.
De acordo com fontes ligadas à organização do evento, a decisão teve caráter preventivo e visava assegurar a transparência e a credibilidade do julgamento. “A troca foi realizada para evitar qualquer tipo de pressão externa, preservando a lisura da competição”, afirmou uma fonte na época.
O novo grupo de jurados então foi definido, mas os nomes ficaram sendo mantidos sob sigilo total. A estratégia foi justamente impedir novos vazamentos e proteger a integridade das avaliações. A lista com os nomes dos jurados foi divulgada então um dia depois pela Prefeitura de Parintins oficialmente.
Quem aceita ou impugna?
Os pedidos de impugnação ou substituição de jurados do Festival Folclórico de Parintins podem ser avaliados por duas instâncias, dependendo da natureza e do momento do pedido. Antes do início do Festival, pedidos administrativos relacionados à suspeição, impedimento ou impugnação de jurados devem ser apresentados à Comissão Julgadora do Festival, geralmente coordenada por representantes da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC-AM).
A Comissão Julgadora pode deliberar sobre substituições, desde que haja comprovação de vínculos, conflitos de interesse ou quebra de imparcialidade. Esses pedidos também podem passar por avaliação da Comissão Organizadora do evento (Governo do Estado, Prefeitura de Parintins e demais entidades envolvidas)
Se os pedidos administrativos forem negados ou se houver contestação judicial da imparcialidade dos jurados, as partes interessadas (bois Garantido ou Caprichoso) podem recorrer à Justiça Estadual.
Os pedidos são analisados inicialmente por juízes de primeira instância — por exemplo, a vara da comarca de Parintins ou o plantão judicial durante o festival.
Caso a decisão seja contestada, os recursos podem subir ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), onde um desembargador avaliará se há fundamento legal e urgência para interferir no processo.
