Com o quinto maior Produto Interno do Brasil (PIB), Manaus também está no topo em um ranking vergonhoso: é a quinta pior capital em cobertura de esgoto sanitário do Brasil. Saneamento básico, ainda é um pesadelo para os moradores da cidade.
A classificação está publicada no Ranking de Competitividade dos Municípios 2024 do Centro de Liderança Pública (CLP Brasil). A capital do Paraná, Curitiba, tem o melhor saneamento do país. A mais importante cidade da Amazônia, terra da Zona Franca, sede de Copa do Mundo, convive com dejetos a céu aberto em pleno Século 21.
O ranking leva em conta aspectos básicos que ainda não foram resolvidos na capital do Amazonas:
- Perdas na distribuição de água;
- Perdas no faturamento de água;
- Cobertura da coleta de esgoto;
- Cobertura do tratamento de esgoto;
- Cobertura da coleta de resíduos domésticos; e
- Destinação do lixo.
- Cobertura do abastecimento de água;
Esgoto para apenas 26%
Em Manaus, a rede de coleta de esgoto alcança cerca de 26% da população urbana. “As principais doenças causadas pela falta de saneamento básico são: doenças diarréicas por Escherichia coli, Hepatite A, cólera, leptospirose, febre tifoide, verminoses, giardíase, amebíase, dengue, chikungunya e contaminação por metais pesados como mercúrio”, explicou a dra. Cláudia Maruyama, Infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O dr. Alexandre Schwarzbold, infectologista, professor de medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica mais em detalhe a ocorrência de leptospirose.
“Trata-se de uma bactéria que é transmitida a partir do contato com a urina dos ratos. Então, nesses lugares onde não há saneamento, a água entra em contato com a urina dos roedores que contaminada pela bactéria leptospira pode ser transmitida aos humanos. Essa contaminação da água com a urina se dá principalmente depois de enchentes e períodos de chuvas, e acaba aumentando a chance de infectar pessoas”, diz.
A sujeira que invade calçadas, ruas e adentra igarapés de Manaus se reflete no sistema de Saúde, com internações e prejuízos econômicos vistos a olho nu a cada chuva em Manaus, capital das alagações e ruas inundadas a cada inverno.
Saneamento básico em debate na CMM

O reajuste na taxa de esgoto em Manaus chegou à Câmara Municipal de Manaus (CMM). O aumento de preços foi promovido de forma silenciosa pela gestão David Almeida.
O presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman), Elson Andrade, participou, em março deste ano, de uma reunião com vereadores para esclarecer dúvidas sobre os aumentos no preço da conta de água, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2025, bem como a atuação da agência na fiscalização dos serviços prestados pela concessionária Águas de Manaus.
Elson informou ainda, que o reajuste tarifário anual dos serviços de água e esgotamento sanitário é uma obrigação prevista no contrato de concessão firmado com a concessionária Águas de Manaus.
“O reajuste, estabelecido na Cláusula 9.11, item II – Dos Reajustes, é uma medida contratual obrigatória e ocorre anualmente, conforme as normas aplicáveis aos contratos de prestação de serviços públicos no Brasil. A solicitação de reajuste de 12,32%, apresentada pela concessionária, foi analisada pela Diretoria de Gestão Econômica e Tarifária da Ageman, que verificou a conformidade dos cálculos e a adequação do índice às diretrizes contratuais e regulatórias”, afirmou.
A audiência acabou com uma conclusão: Manaus está muito longe do ideal quando o assinto é esgotamento sanitário.
Mas enquanto a população reclama, o diretor-presidente da Águas de Manaus, Pedro Freitas, tenta amenizar. “Como concessionária de um serviço público, nossa obrigação é esclarecer dúvidas e responder às demandas da população. Anotamos vários pontos de melhoria e vamos implementar ações para oferecer um serviço cada vez melhor. Também esclarecemos como podemos ampliar a tarifa social, permitindo que mais pessoas tenham acesso a um valor mais justo nas contas de água e esgoto”.
A concessionária trabalha na expansão do esgotamento sanitário na capital amazonense. Nos últimos anos, promoveu estudos dos corpos hídricos e da geografia da cidade e lançou o programa “Trata Bem Manaus”, que garantirá a universalização do serviço do esgotamento, com expectativa de mais de R$2 bilhões em investimentos.