Moradores de Benjamin Constant, no extremo oeste do Amazonas, vivem um momento de alerta e incerteza: A suspeita de contaminação do Rio Javari, principal fonte de abastecimento de água da cidade. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) confirmou, na quinta-feira (29/05), que está conduzindo uma investigação para apurar a gravidade do problema.
Entre as ações imediatas, o MP começou a ouvir autoridades locais e requisitou informações à Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama) sobre possíveis impactos na captação de água. Já a Secretaria Municipal de Saúde deve esclarecer o crescimento nos casos de doenças como diarreia, que podem estar relacionadas à qualidade da água consumida.
As suspeitas surgiram após denúncias de descarte irregular de lixo na cidade peruana de Islândia, situada do outro lado da fronteira. A possível contaminação tem causado apreensão, especialmente após um aumento significativo nos registros de doenças gastrointestinais na região.
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Com o avanço das cheias na região, cresce a preocupação de que resíduos despejados em território peruano estejam poluindo as águas do Javari, comprometendo diretamente a saúde da população brasileira ribeirinha.
Universidade analisa
A preocupação com a contaminação do Rio Javari também mobilizou pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que já conduziram estudos anteriores na região. Eles foram convidados a contribuir com a análise técnica da água e da situação ambiental. Em paralelo, o MPAM acionou a Procuradoria da República em Tabatinga para verificar se há medidas em curso contra o despejo de lixo na cidade peruana de Islândia.
A Defesa Civil também foi chamada para detalhar quais medidas emergenciais estão sendo implementadas para mitigar os riscos à saúde pública. A população local, por enquanto, segue cautelosa diante da possibilidade de que o principal rio da cidade esteja comprometido por poluição transfronteiriça.
O caso reforça a urgência de uma atuação integrada entre Brasil e Peru para proteger recursos hídricos compartilhados e garantir segurança sanitária às populações da tríplice fronteira.