Manaus recebe a primeira edição da Bienal das Amazônias, que está em cartaz com o tema “Bubuia: águas como fonte de imaginação e desejo”. A mostra reúne obras de artistas de diversos estados da Amazônia brasileira, como Amazonas, Pará e Acre, além de criadores do Peru e da Venezuela. As exposições podem ser visitadas gratuitamente até o dia 30 de maio, na Galeria do Largo e na Casa das Artes, no Largo São Sebastião, região central da capital amazonense.
A iniciativa destaca a riqueza e a multiplicidade das expressões culturais amazônicas, apresentando um mosaico de perspectivas que atravessam fronteiras nacionais e dialogam com a ecologia, a ancestralidade e as realidades sociais da Pan-Amazônia. Desde sua abertura, o evento já atraiu mais de 3 mil visitantes e, após a temporada em Manaus, segue para Macapá (AP), com previsão de circulação por outros países da região amazônica.
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Mais do que uma exposição de arte, a Bienal propõe uma experiência sensorial e reflexiva, tendo as águas como eixo simbólico e vital. O conceito de “Bubuia” — flutuar sobre os rios, física e imaginativamente — remete à filosofia do dibubuísmo, formulada pelo poeta paraense João de Jesus Paes Loureiro, que entende a vivência amazônica como a junção entre realidade concreta e encantamento poético.
Adotar o termo “Bubuia” como é também reconhecer a sabedoria ancestral dos povos ribeirinhos e o modo como seus conhecimentos são transmitidos pela oralidade, em íntima conexão com a natureza e o cotidiano das águas. O gesto de bubuiar — deixar-se levar pela correnteza, sem resistência — é entendido aqui como uma filosofia de vida, de resistência e de adaptação.
Cristóvão Coutinho, diretor da Galeria do Largo, reforça o papel da Bienal como espaço de valorização artística e identidade regional. “Receber esses projetos é reafirmar nosso compromisso com a diversidade cultural e com o desenvolvimento humano. A arte, aqui, é um canal para gerar valores e promover diálogos em um contexto multidisciplinar e internacional, onde a riqueza amazônica é o ponto central”, declara.
A Bienal das Amazônias surge como um espaço de convergência entre arte, ecologia, ancestralidade e crítica social, propondo uma escuta atenta às vozes que habitam os rios e as florestas. Artistas, pesquisadores e comunidades locais são convidados a partilhar reflexões sobre território, pertencimento e futuro — em uma narrativa onde a arte atua como ponte entre mundos visíveis e invisíveis.
As visitas à Galeria do Largo e à Casa das Artes podem ser realizadas de quarta a domingo, das 15h às 20h. A entrada é gratuita.