Prefeito de Boca do Acre por 8 anos, José Maria da Silva Cruz entrou na mira do Ministério Público do Estado (MP-AM) em uma investigação de nepotismo envolvendo a nomeação da filha dele para o cargo de Procuradora JurÃdica municipal. Denúncias sobre a irregularidade chegaram ao órgão ministerial ainda no ano passado, mas agora o MP pede a suspensão dos direitos polÃticos e a aplicação de uma multa de R$100 mil pela prática ilegal.
Além de José Maria, a filha dele Tailine Vieira da Cruz também está sendo investigada e será alcançada pelas medidas judiciais solicitadas pelo Ministério Público. A denúncia aponta que a nomeação de Tailine para cargo comissionado configura nepotismo, em descumprimento à Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal (STF), que proÃbe essa prática nos três Poderes.
O MP disse que a investigação teve inÃcio com a NotÃcia de Fato nº 178.2024.000090, instaurada para apurar possÃveis irregularidades na gestão municipal. Zeca nomeou a filha para o cargo de assessor jurÃdico (DAS-09), vinculado à Procuradoria JurÃdica do municÃpio, por meio do Decreto nº 130/2023, publicado em 14 de novembro de 2023 no Diário Oficial dos MunicÃpios do Estado do Amazonas. A prática fere os princÃpios constitucionais da legalidade, impessoalidade e moralidade administrativa, ressaltou o MP.
Em depoimento ao Ministério Público, Tailine Vieira da Cruz afirmou que sua contratação ocorreu a partir de um convite do procurador jurÃdico Francisco Felix Teixeira Filho. Ela declarou ter exercido suas funções regularmente e manteve residência no municÃpio durante o perÃodo em que ocupou o cargo. No entanto, disse desconhecer a existência de um parecer jurÃdico sobre sua nomeação e informou que sua seleção foi baseada apenas em uma entrevista conduzida pelo procurador jurÃdico.
LEIA TAMBÉM: Decisão de Nunes Marques mantém Adail Pinheiro na Prefeitura de Coari
Já Francisco Felix relatou que Tailine começou a trabalhar em novembro de 2023, após indicação da então secretária de Educação, Maria de Jesus Silva da Cruz, irmã do ex-prefeito. Ele afirmou não ter participado diretamente do processo de escolha, mas confirmou que solicitou a contratação de um assessor jurÃdico.
Em sua defesa, o ex-prefeito de Boca do Acre alegou que a nomeação de Tailine ocorreu após um pedido informal de Francisco Felix, que a conheceu diante da necessidade de um assessor jurÃdico na Secretaria Municipal de Educação. O ex-prefeito confirmou que a contratação não passou por um processo formal e afirmou que acreditava que a Procuradoria JurÃdica havia analisado o caso.
Embora Tailine tenha exercido suas funções regularmente, o Ministério Público destacou que sua contratação foi baseada exclusivamente em uma indicação familiar, sem qualquer critério técnico ou seleção prévia, caracterizando nepotismo. Além disso, o MP-AM argumentou que a prática gera dano moral coletivo, pois compromete a confiança da população nas instituições públicas.
Na ação, assinada pelo promotor de Justiça Marcos Patrick Sena Leite, o MP requer a condenação dos envolvidos à s sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/92), incluindo perda da função pública, suspensão dos direitos polÃticos, pagamento de multa e indenização de R$ 100 mil por danos morais ao municÃpio.