A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP) divulgou, nesta sexta-feira (18/04), um boletim epidemiológico que aponta um aumento de 69,83% nos registros de acidentes de trabalho no estado entre 2019 e 2023. No total, foram notificados 5.856 casos no período e metade das pessoas ficaram incapacitadas ao trabalho temporariamente, enquanto 142 pessoas acabaram morrendo.
Os números da FVS mostram, ainda, que ficaram com incapacidades permanentes a partir dos acidentes.
Os dados mostram que a maioria das notificações ocorreu nos municípios de Manaus (27,51%), Tefé (18,84%) e Apuí (9,73%). Segundo a FVS, a presença de unidades do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest-AM) em Manaus e Tefé, além da concentração populacional na capital, pode explicar os números mais elevados nessas regiões.
Os trabalhadores autônomos representaram a maior parte dos acidentados no período, com um total de 1,9 mil casos.
O boletim reúne informações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e traça o perfil sociodemográfico dos trabalhadores acidentados. A análise inclui fatores de risco, áreas mais afetadas e ocupações com maior incidência de acidentes.
A secretária de Estado de Saúde, Nayara Maksoud, afirmou que o monitoramento contínuo é essencial para a redução de doenças ocupacionais. “Tem como foco contribuir com a redução da incidência de doenças ocupacionais e orientar na promoção de ambientes de trabalho mais seguros”, disse.
A diretora-presidente da fundação, Tatyana Amorim, destacou a relevância dos dados para subsidiar políticas públicas. “A análise é fundamental para identificar atividades econômicas que oferecem risco de adoecimento ou morte e fortalecer as políticas de proteção e segurança no ambiente de trabalho”, afirmou.
Durante os anos de 2020 e 2021, as notificações caíram, possivelmente por causa das mudanças nas rotinas laborais e na capacidade de registro durante a pandemia de Covid-19. A retomada dos registros, segundo o boletim, foi evidente em 2023.
A coordenadora do Cerest-AM, Cinthia Santos, reforçou que os dados permitem mapear setores mais vulneráveis. “A partir desses dados, podemos planejar intervenções para a prevenção da ocorrência desses acidentes”, afirmou.