No Brasil, a luta das mulheres por espaço e reconhecimento no mercado de trabalho continua sendo uma jornada de desafios e conquistas. Apesar do avanço na ocupação de cargos gerenciais, a representatividade feminina em posições de liderança ainda é insatisfatória. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, as mulheres representavam apenas 39,3% dos cargos de chefia, um crescimento de 3,3 pontos percentuais em relação a 2012. Ainda assim, mais da metade das empresas brasileiras (56%) não conta com mulheres em seus conselhos fiscais, diretorias ou comitês de auditoria, conforme aponta um estudo da Teva Índices.
A desigualdade também se reflete nos salários. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelam que, em média, diretoras e gerentes recebem R$ 6.798 mensais, enquanto homens nos mesmos cargos ganham R$ 10.126 — uma diferença de R$ 3.328. A Lei de Igualdade Salarial (proposição nº 14.611/2023) foi sancionada para garantir mais transparência e equidade, mas os impactos ainda são limitados.
Na contramão de outros setores, a participação das mulheres no mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação vem crescendo mais rapidamente do que a dos homens. De acordo com a pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), entre 2020 e 2023, a presença feminina no setor aumentou 7,7% ao ano, superando em 1,5% o crescimento masculino.
No entanto, nas lideranças, a ascensão feminina foi de apenas 0,6%. De forma geral, as mulheres ainda representam apenas 39% do mercado de TIC, enquanto os homens ocupam 61% das vagas.
Diante desse cenário, o Instituto Kodigos de Tecnologia (IKT) tem buscado transformar a realidade local e incentivar a presença feminina no setor. Fundado em 2019, o IKT atua no desenvolvimento de soluções de software para empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM). Atualmente, 25% do seu quadro de funcionários é composto por mulheres, inclusive em cargos de liderança.
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Para Erika Nozawa, diretora operacional de inovação, a tecnologia se torna mais humana e inovadora quando impulsionada pela leveza e intuição feminina: “Quando as mulheres ocupam seu espaço, o mundo inteiro ganha em criatividade, diversidade e progresso. Que possamos inspirar e abrir caminhos para que mais mulheres transformem o futuro”.
Na mesma linha, Helda Santos, gerente de Recursos Humanos do instituto, destaca que a presença feminina transforma o ambiente de trabalho, tornando-o mais dinâmico e inclusivo. “Na gestão das relações humanas, aplicamos nossa sensibilidade para reconhecer e valorizar talentos, garantindo que nossos resultados ultrapassem os números e promovam a inovação com um toque humano”.
Já Loren Trindade, Product Owner do IKT, enfatiza a capacidade das mulheres de equilibrar múltiplas demandas, um diferencial em posições estratégicas. “As mulheres têm uma habilidade única de enxergar detalhes que fazem a diferença e garantir que nada passe despercebido. Atuando como PMO, essas competências se traduzem em entregas organizadas, prazos cumpridos e equipes alinhadas”.
Apesar dos desafios, os avanços na presença feminina na tecnologia demonstram que a equidade de gênero é um caminho possível e necessário. Empresas que investem na diversidade colhem resultados mais inovadores e sustentáveis. O exemplo do IKT reforça que a presença feminina vai além de uma questão de justiça social, mas é também uma estratégia de crescimento e competitividade.
Garantir que mais mulheres tenham acesso à tecnologia, à educação e a oportunidades de liderança é essencial para um mercado mais equilibrado e inovador. Como destaca Erika Nozawa, “o mundo inteiro ganha quando as mulheres ocupam seu espaço”. E, na tecnologia, isso não poderia ser diferente.