Entre os dias 27 de março e 21 de junho de 2025, o ICBEU Manaus expõe Bancos indígenas do Brasil: Rituais. A mostra apresenta ao público manauara 100 bancos de 39 etnias indígenas do Brasil. Todas as peças fazem parte do acervo da Coleção BEĨ, e a curadoria da exposição é assinada por Marisa Moreira Salles, Tomas Alvim, Danilo Garcia e Rui Machado. A entrada é gratuita.
Ao longo de mais de vinte anos, a Coleção BEĨ estabeleceu com a arte dos povos originários um diálogo profundo, que se desdobrou em descobertas e reflexões reveladoras sobre a riqueza do banco indígena. Item corriqueiro no cotidiano das aldeias, o banco tem funções rituais que dizem respeito a práticas do dia a dia, nas rodas de conversa, por exemplo, mas também a cerimônias pontuais, nos ritos de passagem e de celebração.
Figuras de destaque na aldeia, como o cacique e o pajé, contam com bancos esculpidos especificamente para que possam exercer seus encargos. O cacique costuma estar sentado em seu banco para comunicar uma notícia ou estabelecer uma diretriz à comunidade que comanda. O pajé realiza suas curas com a ajuda de um banco. Após sua morte, o banco, depositário dos espíritos que o curandeiro tratou durante a vida, é destruído.
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Para o Turé, celebração anual da colheita e das curas do pajé, os Galibi Marworno produzem bancos de seis metros de comprimento, adornados com grafismos coloridos e esculpidos sob a supervisão do pajé. Nessa ocasião, o banco – um objeto de uso geralmente individual – é compartilhado por até quinze pessoas em um ritual xamânico de agradecimento aos espíritos. Os bancos também participam de ritos de passagem dos jovens, como o Hetohoky entre os Karajá e o Nixpu Pima entre os Huni Kuin, e de eventos em homenagem aos mortos, como o Kuarup entre os povos do Território Indígena do Xingu.
Bancos indígenas do Brasil: Rituais tem como base os seguintes eixos: Espiritualidade e cura, Iniciação e passagem, Contos e mitos. É também a primeira exposição da Coleção BEĨ a exibir 24 peças antigas, doadas à coleção pelo artista visual e colecionador Rui Machado (@ruimachadoam, no Instagram), cujo trabalho autoral integra um vídeo preparado especialmente para a mostra.
Abordar o banco a partir de seu uso ritual lhe dá uma nova camada de sentido. Isso permite encontrar mais complexidade, mais sofisticação e mais beleza na produção artística dos povos nativos do Brasil. A abertura da exposição acontece no dia 27 de março, às 19h, com a participação dos artistas Cacique Wareaiup Yoriwe Kaiabi – de etnia Kaiabi, Cacique Santo Cruz Mariano Clemente e Santos Inácio Clemente – ambos de etnia Ticuna.