Sem qualquer avanço nas negociações por reajustes salariais com o Governo Federal, a greve dos Auditores-Fiscais da Receita Federal tem causado enorme preocupação aos empresários do Polo Industrial de Manaus (PIM). Iniciada em novembro do ano passado, a mobilização nacional causa lentidão na liberação de contêineres e cerca de 180 estão com os produtos parados nos portos da capital.
Empresários do PIM afirmam que os efeitos já começam a ser sentidos, com risco de atraso na entrega de insumos e produtos acabados. Algumas linhas de produção já estão sofrendo paralisações, conforme o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM). A demora na liberação das mercadorias pode levar ao desabastecimento de itens fundamentais para a indústria e o comércio, impactando custos para empresas e consumidores.
A situação nos terminais portuários da capital amazonense já é crítica, como destaca Marcelo Barbosa Peixoto, presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros (SIDAM).
“Os terminais, na verdade, do final do ano para cá, resultaram em muito canal vermelho, foram mais de 180 canais vermelhos. Com isso, houve um congestionamento grande nos terminais, por conta da vistoria física. Então, no Super Terminais, estamos com uma lista de mais de 100 contêineres na ordem para descarga dentro do armazém, sem espaço nenhum. No Chibatão, o volume é menor. Desde o final do ano até agora, estamos numa lista extensa. Há caso de cliente que registrou no final do ano, deu vermelho e só foi desovado agora, depois de quase 30 dias.”
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O auditor Jairo Costa, integrante do Comando de Mobilização da Greve dos Auditores-Fiscais da Receita, reforça os impactos preliminares da paralisação. “O número de importações e exportações selecionadas para a verificação aumentou, o tempo de redirecionamento dessas importações também cresceu. Além disso, importações em canal verde de OEA estão sendo selecionadas para ações fiscais, e com isso os portos estão cheios.”
Os Auditores-Fiscais estão se mobilizando devido à ausência de reajuste salarial e à falta de diálogo com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI). A categoria negocia desde 2022 a atualização dos vencimentos, que permanece sem reajuste no salário base, enquanto todas as outras carreiras já tiveram aumentos anunciados pelo Governo Federal.
“Já recebemos relatos de empresas enfrentando paralisações nas linhas de produção, o que é preocupante. O movimento precisa ser compreendido como justo, mas sem causar danos irreversíveis ao setor produtivo. Esperamos que os interlocutores encarregados de levar essa pauta ao governo atuem com agilidade e eficácia, assegurando um desfecho que contemple ambas as partes”, afirmou o empresário Lúcio Flávio Morais de Oliveira, presidente executivo do CIEAM.