A Instituição Pessoas Desaparecidas Brasil e Holanda (PDBeH) vem ao Brasil mais uma vez para realizar a quarta edição do projeto DNA Mães do Brasil, onde são oferecidos kits de cadastramento para Banco de Dados Internacional. Uma vez cadastrada, uma pessoa tem grandes chances de encontrar parentes por qualquer parte do mundo, através de cruzamento de dados entre pessoas cadastradas no sistema.
Podem participar do cadastramento mães que deram seus filhos para adoção, que não sabem o paradeiro desta criança e que gostariam de encontrar esse(a) filho(a) mas não sabem como começar a procurar. Para Anna Catharina, diretora do PDBeH, esse é o meio mais eficaz de realizar encontro entre famílias: “o cruzamento de dados genéticos é 100% confiável, preciso e entrega resultados mensalmente. É uma forma de descobrirmos parentescos sem precisar procurar in loco, onde estão essas famílias. Uma vez cadastrada, uma mãe tem a chance de encontrar quem procura, caso essa pessoa procurada também esteja inserida no Banco” disse.
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Anna Catharina informa que chegaram a essa conclusão após trabalho de pesquisa, onde descobriram que mais da metade dos filhos adotados, que moram fora do Brasil já são cadastrados no Banco de Dados Internacional “a gente percebe que há um interesse por parte dos filhos de saber algo sobre sua família biológica e é por isso que eles buscam esse cadastramento. Mas e por quê, então, que eles não encontram suas famílias? É simples! Uma vez que vivem na Europa, esses filhos adotados conseguem pagar para estar cadastrados, não é a realidade das mães no Brasil, então é uma espera em vão” declara a presidente.
E foi por esta razão que, em 2022, o PDBeH criou o projeto que leva kits de cadastramento a mães que querem participar desse cadastramento de forma gratuita. Em 2023 o PDBeH esteve nos Estados de São Paulo, Paraná e Ceará onde cadastraram aproximadamente 90 mulheres “vale ressaltar que a Instituição recebe, constantemente, pedidos de ajuda, vindo de mães brasileiras, para que possamos encontrar seus filhos e esses 3 primeiros estados mencionados, são as maiores demandas”, declarou Sônia Memória, representante da ONG no Brasil.
Com a criação do projeto DNA Mães do Brasil, o mutirão de coletas beneficia um grupo de mães ao mesmo tempo “é um meio de atender a várias mães de uma vez só, ao contrário de como estávamos fazendo anteriormente, quando levávamos meses para construir o processo de investigação de uma família até chegar ao grande final: o encontro entre mães e filhos”, declarou Sonia.
Para a jornalista do PDBeH, Priscila Serdeira, o compromisso da ONG é realizar o sonho de mulheres que, por algum motivo foram obrigadas a dar seus filhos, de ter a oportunidade de saber como seu filho está e de se redimir pelo tempo passado, “ao longo das coletas, eu ouvi histórias de cortar o coração! Mulheres sem apoio para criarem seus filhos, que se sentem culpadas pelo acontecimento do passado, sonham ver, abraçar e pedir perdão. Eu pude ver em seus olhos a tristeza e o remorso acumulado há anos, acompanhado sempre de uma narrativa que explica essa doação”, lembra a jornalista.
DJ amazonense coleta DNA e não perde a esperança de encontrar sua mãe
Alfredo Kempen é um desses filhos que desde a adolescência busca qualquer pista sobre sua família de sangue. O rapaz de 36 anos nasceu na cidade de Manaus em 1988 e naquele mesmo ano foi adotado por uma família holandesa e foi levado para a Holanda, onde viveu toda sua vida. O rapaz esteve em Manaus em 2016 na tentativa de descobrir quem era sua mãe biológica, realizou cerca de 16 exames de DNA e todos os resultados deram incompatíveis.
Cadastrado em um Banco de Dados Internacional, Kempen ainda tem esperança de localizar algum parente, algum dia: “é uma esperança que não morre! Eu já havia desistido de encontrar minha mãe após muita procura durante longos 3 anos vivendo em Manaus. Eu desisti de procurar e apostei minhas fichas no sistema internacional de cruzamento de dados, onde estou cadastrado à espera de algum parente aparecer por lá”, desabafou.
Sobre Kempen: nasceu no Hospital São José, no ano de 1988 e o que se sabe é que, enquanto recém-nascido, teve a clavícula quebrada, durante o trabalho de parto. Alfredo foi entregue a uma enfermeira e passou algumas semanas morando na casa de Dona Tereza Sobreira, no conjunto Morada do Sol, Aleixo. O senhor holandês conhecido como Frei Fulgencio foi o responsável pela entrega do menino ao casal holandês.