Os setores da construção civil e transporte rodoviários de cargas e passageiros lideram o registro de acidentes de trabalho com mortes e lesões graves, no Brasil. O dado, divulgado em julho deste ano pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), refere-se a 2023 e reforça a importância de conscientizar empresas e os colaboradores para reduzir as ocorrências. Ao todo, foram 499.955 acidentes de trabalho no país.
A história da prevenção aos acidentes é antiga e tem como marco, no Brasil, a Lei 3.724, de 1919, que estabeleceu obrigações relacionadas ao tema. Outra legislação importante é a Norma Regulamentadora 4, de 1978, na qual o MTE determina a necessidade de profissionais de segurança do trabalho nas empresas. A profissão, porém, só foi regulamentada anos depois, em 27 de novembro de 1985, data que até hoje é celebrada como Dia do Técnico em Segurança do Trabalho.
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“O técnico é essencial para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Ele identifica, avalia e controla riscos ocupacionais, prevenindo acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Além disso, implementa medidas de segurança e promove a conscientização de todos os colaboradores envolvidos no processo, contribuindo para a redução de custos com acidentes e aumentando a produtividade e o bem-estar geral”, explica o engenheiro civil e docente do curso de Segurança do Trabalho no Centro de Ensino Técnico (Centec), Varlem Bastos.
Segundo levantamento do Ministério do Trabalho, na construção civil, as principais causas de mortes em acidentes de trabalho estão relacionadas à queda de altura, soterramento e choque elétrico. Para cada uma dessas ocorrências, há medidas que podem ser implementadas tanto pelas empresas como pelos trabalhadores para reduzir os riscos.
“O uso de EPIs como capacete, cinto de segurança, botas antiderrapantes e luvas são indispensáveis para reduzir os riscos de quedas e lesões. Além disso, as escadas e andaimes precisam passar por supervisão e manutenção constante, garantindo firmeza e um bom estado de conservação”, orienta o professor.
Em relação ao risco de choques elétricos, ele explica que a principal medida é verificar se não há qualquer desgaste na fiação. Mesmo se não for o caso, é importante isolar e sinalizar cabos elétricos. “No caso dos soterramentos, é essencial construir barreiras de contenção e realizar o monitoramento constante da estabilidade do terreno”, aconselha.
Acidentes de trabalho no transporte
No caso do setor de transporte rodoviário, os acidentes fatais estão mais relacionados à fadiga dos motoristas, devido ao excesso de jornada; à utilização de remédios e drogas estimulantes para aumentar a produtividade e ganho financeiro; bem como a fatores como a falta de manutenção dos caminhões e ônibus ou das rodovias.
“O problema da fadiga dos motoristas, que precisa ser combatido com a garantia de pausas regulares e períodos de descanso adequados, está relacionado também ao uso de substâncias estimulantes em alguns casos. É preciso que as empresas conscientizem o motorista sobre os riscos a ele e aos passageiros com o uso de remédios e drogas”, orienta Varlem Bastos.
Em relação à manutenção dos veículos, o professor destaca a necessidade de realizar manutenção periódica em pneus, freios, no sistema elétrico e no motor. Também cabe às empresas reforçar as medidas de prevenção em estradas precárias e cobrar a responsabilidade de autoridades competentes para a manutenção da via.
Dados do Observatório do Trabalho apontam que o Brasil registrou 6,7 milhões de acidentes de trabalho entre 2012 e 2022. Neste período, as lesões mais frequentes foram laceração, ferida contusa e punctura. Estes cinco tipos de danos estiveram presentes em um milhão (1.076.425) de casos.
Já o Amazonas registrou mais de 65 mil acidentes de trabalho na década encerrada em 2022, colocando o estado como o 16º no ranking nacional. Em Manaus, terceira cidade brasileira com mais afastamentos por acidentes, foram mais de 27 mil registros nesse período. O curso de Segurança do Trabalho do Centec capacita profissionais para lidar com esses e outros desafios, preparando-os para atuar em diversos setores, sempre com foco na preservação da vida e na redução de acidentes de trabalho.