Bandidos têm usado tecnologias sofisticadas para clonar a chave de carros sem sequer chegar perto deles. Antes era o famoso dispositivo Chapolim, que bloqueia o sinal de trava das portas, o terror dos proprietários por décadas. Agora, os criminosos têm aplicado um golpe mais moderno, o “Relay Attack”, no qual conseguem copiar o acesso da chave do automóvel sem tocar nela, a metros de distância.
Com o “Relay Attack”, ou ataque de retransmissão, os bandidos conseguem hackear o sistema eletrônico através de computadores e outros dispositivos eletrônicos e invadir o veículo. Aproveitando-se de falhas de segurança, os criminosos conseguem interceptar o sinal entre a chave e o veículo, acessam o sistema de diagnóstico do carro (OBD), desativam alarmes, destravam as portas e fazem a liberação da ignição por meio de um transponder. Parece complicado, mas tudo pode ser feito de um smartphone.
Em muitos casos, o objetivo desse ataque é subtrair pertencer de dentro do automóvel. Mas há situações em que o próprio automóvel é levado.
O golpe ocorre em carros do modelo de chave presencial, tecnologia de ponta da indústria automobilística que virou alvo dos criminosos mundo afora. Apesar de assustador, é possível se prevenir desse tipo de ataque, explica o professor da Escola Superior de Tecnologia da UEA, o Doutor em Telecomunicações Ricardo Barboza.
Segundo ele, o crime tem sido mais frequente em locais de grande movimentação de pessoas, como estacionamentos de supermercados, centros comerciais e na rua, durante grandes eventos.
Os primeiros registros desse crime começaram a aparecer em países da Europa, em 2020, durante a pandemia de Covid-19. No Brasil, os primeiros casos começaram a surgir em 2022.
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É possível evitar a clonagem da chave do carro?
A possibilidade de clonagem das chaves presenciais é uma tremenda dor de cabeça para quem já possui veículos nesse modelo. Mas é possível se proteger adquirindo um sistema de bloqueio de sinal de rádio que atrapalha a ação hacker.
As chaves presenciais utilizam um sinal de rádio emitido por meio de pulsos, comunicando-se o tempo inteiro com sensores instalados no veículo. Esse sinal contém um código de segurança que deve ser reconhecido pelo automóvel para liberar a abertura das portas e a partida do motor.
De acordo com Barboza, há duas maneiras conhecidas de se proteger desse tipo de ataque.
“São duas formas, ou a pessoa pega a chave dela e coloca dentro de uma bolsa, carteira ou estojo com RFID – que possui proteção para sinais de rádio, para conseguir bloquear esse acesso remoto. E a outra é desativar a chave sem fio, na entrada dos locais. Alguns veículos tem essa capacidade de desativar. Aqui em Manaus tem alguns locais mais perigosos que se a pessoa puder desativar é importante. Aí só liga de novo quando chegar perto do carro”, orientou o especialista.
Ricardo Barboza também enfatiza a necessidade fazer atualizações constantes no sistema computacional do veículo, a exemplo do que se faz com um smartphone. “Os criminosos buscam as vulnerabilidades do sistema para atacá-lo e, por outro lado, as empresas fazem atualizações e estão sempre se aprimorando para deixar o sistema de proteção mais forte”, disse.
Outra medida necessária e eficaz é manter o sistema operacional do veículo sempre atualizado. Alguns modelos possuem aplicativos que facilitam a atualização dos sistemas de segurança, em outros casos é preciso buscar as concessionárias. “É importante estar sempre atualizado porque as empresas fazem modificações constantes para aperfeiçoamento e segurança”, destacou.