Nesta quinta-feira (24/10), aniversário de 355 anos de Manaus, o fotógrafo César Nogueira lança o fotolivro “Centroso 092”, disponível gratuitamente, a partir das 9h, no site artrupe.com.br. Em 52 páginas, o autor propõe um circuito pelo Centro de Manaus, com registros realizados entre 2014 e 2020.
O projeto é contemplado pelo Prêmio Manaus de Conexões Culturais 2020 – Lei Aldir Blanc, por meio da Prefeitura de Manaus, via Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).
“’Centroso 092’ pretende questionar ideias pré-concebidas sobre o bairro e capta o cotidiano das suas pessoas e de seus lugares a partir de um olhar de dentro, de alguém que é chamado de ‘Cesinha’ pelos gentes boas da rua”, define César Nogueira, que estreia como autor.
César Nogueira é fotógrafo, diretor de fotografia e montador da Artrupe Produções. Roraimense, mora no Centro desde que chegou em Manaus, em 1997. Ele conta que fez o fotolivro sobre o Centro, porque é o lugar onde mora há 27 anos.
“Me constitui como sujeito aqui e pretendo continuar vivendo aqui por um bom tempo. O Centro é o meu lugar”, afirma o autor. “E o resultado de todo esse caminho está nesta obra e o lançamento no dia 24 de outubro é um simbolismo bem explícito, já que é o aniversário de Manaus, a minha cidade”.
LEIA TAMBÉM: Buia Teatro ganha nove prêmios em festival e segue para Recife
César pontua que “Centroso 092” também é dedicado à diretora e palhaça Selma Bustamante, que, assim como ele, veio de fora e fez do Centro de Manaus o seu lugar por um bom tempo.
“A dedicatória veio durante o processo, a foto dela é uma das que abrem o fotolivro. Interpretei aquilo como um sinal para homenageá-la”, comenta o fotógrafo. “Uma das últimas coisas que ela disse para mim antes de morrer, em março de 2019, foi ‘agora que tu estás virando fotógrafo’. Detalhe é que eu era profissional da imagem há 13 anos quando ela fez essa afirmação, mas estava coberta de razão, como sempre costumava ser”.
Selma Bustamante foi atriz, diretora, palhaça e mestra do autor. Ela morou no Centro e arredores desde quando chegou em Manaus, em meados dos anos 1990.
“Todo esse espaço é um campo privilegiado para a sensibilidade fotográfica de César Nogueira, que, em suas idas e vindas pelo bairro onde cresceu e ainda mora, atualiza ao seu próprio modo a função do flâneur de Charles Baudelaire e Walter Benjamin: o de ser um botânico do asfalto”, destaca o jornalista Rosiel Mendonça, que assina o posfácio da publicação.
“Ao captar aquilo que passa despercebido por tantos olhos programados pela rotina, ele cria conexões, reinventa significados, faz Arte e História. E assim vai construindo afetos, porque o Centro também é um lugar de afetos. Necessário para uma redescoberta sentimental do bairro, “Centroso 092” chega até nós como uma via de acesso para essas e outras dimensões”, completa Rosiel Mendonça.