A seca do Rio Negro atingiu 13,73 m em Manaus, neste domingo (29/09). Essa é a 4ª menor cota da série histórica, iniciada em 1902. Com descidas médias diárias de 19 cm, o rio pode registrar, nesta semana, a mínima recorde na capital amazonense, conforme projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
As informações sobre o cenário na Bacia do Rio Amazonas são apresentadas no 39º Boletim de Monitoramento do SGB e foram divulgadas na Sala de Crise da Região Norte, promovida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
“As descidas estão muito acentuadas em Manaus e, se continuar com essa média de descida de 19 cm por dia, em uma semana poderemos ultrapassar a marca histórica – que é de 12,7 m registrada em 2013 – e, em meados de outubro, o Rio Negro pode ficar abaixo dos 11 m”, alertou o pesquisador em geociências Artur Matos, coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do SGB.
Ainda segundo Matos, o Negro pode permanecer por mais dois meses abaixo da cota de 16 m em Manaus, considerando o que foi observado no ano passado e que se assemelha ao cenário atual.
Ano passado, o Rio Negro em Manaus chegou a marca histórica de 12,7 m. Antes disso, o rio tinha atingido marcas extremas de 13,64 m em 1963; de 13,63 m em 2010.
Na maior parte da Bacia do Amazonas, os rios estão abaixo da faixa da normalidade para o período e, em algumas delas, as cotas já chegaram aos níveis mais baixos da história.
Na última sexta-feira (27), foi registrada a mínima histórica de 37 cm no Rio Solimões, em Itapéua (AM); de 7,38 m no Solimões, em Fonte Boa (AM); e de 4 m no Rio Purus, em Beruri (AM). O Rio Solimões, em Manacapuru (AM), pode também registrar a mínima histórica nos próximos dias. A cota atual é de 3,47 m – a 2ª menor da história, atrás da marca de 3,11 m em 2023.
O valor da cota abaixo de zero não significa a ausência de água no leito do rio. Esses níveis são definidos com base em medições históricas e considerações locais, sendo que, mesmo quando o rio registra valores negativos, em alguns casos ainda há uma profundidade significativa.
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Seca dos rios deve avançar no Amazonas
As projeções apresentadas indicam que a tendência da seca é de que os níveis continuem a cair. “As chuvas abaixo da média em setembro devem se refletir nos níveis dos rios em outubro e vamos continuar a verificar cotas mais baixas ao longo do próximo mês”, acrescentou Matos.
Nos rios Madeira e Tabatinga, as cotas devem ter pequena elevação, influenciada por chuvas nas regiões de cabeceiras. No entanto, o volume previsto não é suficiente para uma recuperação. Após os repiques, as cotas devem voltar a cair.