A crise climática castigou a população do Amazonas, em agosto, com recordes de calor. No mês, com a seca dos rios e poucas chuvas, os termômetros chegaram ao ápice em Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), atingindo 42,6ºC no dia 22 de agosto. É a maior temperatura da história registrada no território amazonense, superando o recorde de 40°C alcançado, em Manaus, em 10 de outubro do ano passado.
Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Além do recorde do Amazonas, observado em Manicoré, o calor foi intenso em outras cidades amazonenses. Ainda em agosto deste ano, os termômetros chegaram aos níveis máximos em Boca do Acre (38,9ºC), Novo Aripuanã (38,8ºC), Humaitá (38,3ºC), São Gabriel da Cachoeira (37,5ºC) e Manaus (36,7ºC).
O Amazonas está no período de estiagem, climatologicamente falando, porém, o período chuvoso foi de chuvas abaixo da climatologia, com meses de poucas chuvas. Isso agravou mais ainda com a chegada da estiagem. As altas temperaturas vêm sobre o domínio de uma onda de calor, em grande parte do Brasil, causado pelo bloqueio atmosférico dos ventos nos altos níveis da atmosfera”, explicou o meteorologista e consultor climático, Francisco de Assis, em entrevista ao Segundo a Segundo.
De acordo com Assis, neste ano, a região do Amazonas não está sendo influenciada pelo fenômeno climático El Nino, tendo em vista que Oceano Pacifico equatorial está em condições de neutralidade. O fenômeno foi apontado como responsável pela onda de calor e a seca histórica do ano passado.
Por conta da crise climática, o Amazonas espera atingir um novo recorde de seca dos rios. O governador Wilson Lima decretou situação de emergência nos 62 municípios e também determinou reforços nas ações de defesa civil e saúde.
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Outro grave problema ambiental enfrentado no estado, neste mês de agosto, foram as queimadas. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 7 mil focos de incêndio no mês, quase o dobro dos dados do mesmo período do ano passado. Em 2023, foram registrados 4 mil focos.
Segundo o Inpe, em julho, o estado alcançou o maior número de queimadas dos últimos 26 anos. Como efeito, as cidades foram tomadas por fumaça, piorando a qualidade do ar e gerando prejuízos ambientais e para a saúde da população. A fumaça tóxica pode provocar doenças diarreicas e respiratórias, além de enfermidades transmitidas pelo alimento e água.