O peixe-boi fĂȘmea da AmazĂŽnia mais antigo em cativeiro no Instituto Nacional de Pesquisas da AmazĂŽnia (Inpa) completa 50 anos, no prĂłximo dia 9 de julho, e vai comemorar com a população manauara, que poderĂĄ conhecer mais sobre a histĂłria da Boo e participar de atividades de Educação Ambiental no Centro AquĂĄtico Robin Best no Bosque da CiĂȘncia.
A atividade estĂĄ sendo organizada pelo LaboratĂłrio de MamĂferos AquĂĄticos (LMA) e Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa).
A Boo Ă© uma das primeiras da espĂ©cie (Trichechus inunguis) que chegaram ao instituto. Ela foi trazida filhote, com 116cm e 26kg, e cerca de um mĂȘs de vida, no dia 9 de julho de 1974, pela primeira pesquisadora do LMA Diana Magor.
âA Boo foi o segundo filhote a ser recebido pelo laboratĂłrio, e os aprendizados do manejo foram de grande importĂąncia para os cuidados dos animais que foram resgatados posteriormenteâ, explica a coordenadora do LMA, a pesquisadora Vera da Silva.
AlĂ©m de contribuir para os estudos de avaliação de saĂșde do plantel de peixe-boi sob cuidados humanos no INPA Boo tambĂ©m participou de algumas pesquisas cientĂficas, como sobre a compreensĂŁo da fisiologia da espĂ©cie, de parĂąmetros vitais bĂĄsicos, reprodutivos e estudos sobre a comunicação (bioacĂșstica), dentre outros.
Reprodução em cativeiro
A primeira reprodução de peixe-boi da AmazĂŽnia em cativeiro foi com a Boo e o Tupy, peixe-boi tambĂ©m resgatado e reabilitado no LMA. O nascimento do ErĂȘ, foi considerado um marco no avanço da pesquisa cientĂfica e permitiu maior compreensĂŁo sobre os aspectos fisiolĂłgicos e nutricionais da espĂ©cie.

âEsse acontecimento foi essencial, pois os pesquisadores começaram a entender melhor as caracterĂsticas nutricionais e conseguir resultados positivos na melhora nutricional dos peixes-bois dos animais em cativeiroâ, comenta o presidente da Ampa, o veterinĂĄrio Rodrigo Amaral.
Amaral acrescenta que a contribuição se estende Ă s pesquisas sobre comportamento do filhote ao nascimento, a relação com a mĂŁe, e sobre as necessidades durante a amamentação, entre outros aspectos. âSĂŁo conhecimentos importantes para a reabilitação e a manutenção dos filhotes ĂłrfĂŁos resgatados pelo Inpaâ, explica Amaral.
Ao longo dos anos, Boo tambĂ©m amamentou dois filhotes de peixes-bois que foram resgatados. âA Boo Ă© daquelas mĂŁezonas, cuidou dos seus filhotes e tambĂ©m adotou outros que chegaram resgatadosâ, concluiu o veterinĂĄrio.
LEIA TAMBĂM: 65% dos filhotes de peixe-boi da AmazĂŽnia que chegam ao Inpa sĂŁo do baixo Amazonas
Um dos filhotes resgatados adotados pela Boo foi o TapajĂłs, que se encontra hoje no AquĂĄrio de SĂŁo Paulo.
Peixe-boi da AmazĂŽnia
O peixe-boi da AmazĂŽnia Ă© a menor espĂ©cie de peixe-boi do mundo, chegando a atĂ© 3 metros de comprimento e 450 kg de peso. Ă um mamĂfero aquĂĄtico endĂȘmico da AmazĂŽnia, ou seja, essa espĂ©cie Ă© exclusiva dos rios da Bacia AmazĂŽnica.
Foi maciçamente explorado no passado, mas ainda ocorre na maior parte de sua distribuição original, desde o Peru, ColÎmbia, Equador até a foz do rio Amazonas no Brasil.
Ă um animal herbĂvoro, alimenta-se de grande variedade de plantas aquĂĄticas e semi-aquĂĄticas, e consome cerca de 8% de seu peso vivo em alimento por dia.
A espécie contribui para a ciclagem de nutrientes nos rios e controle de plantas aquåticas nos lagos, que dificultaria a entrada de luz solar nos rios e até mesmo o transporte de pequenas embarcaçÔes.