O MinistĂ©rio PĂșblico Federal (MPF) recomendou, na Ășltima terça-feira (23/07), que o site OLX exclua anĂșncios de venda ilegal de mercĂșrio e atue para combater o comĂ©rcio da substĂąncia em sua plataforma. A empresa tem o prazo de 30 dias para apresentar resposta escrita sobre o atendimento ou nĂŁo da recomendação.
De acordo com a recomendação, expedida pelo 2° OfĂcio da AmazĂŽnia Ocidental, a empresa deverĂĄ cumprir seus prĂłprios Termos e CondiçÔes de Uso, que proĂbem expressamente a venda de mercĂșrio, e aprimorar suas ferramentas de verificação de anĂșncios, para que nĂŁo sejam mais publicados conteĂșdos relacionados ao comĂ©rcio de mercĂșrio em seu site.
Caso opte por manter os anĂșncios, a plataforma deverĂĄ estabelecer rigoroso controle no comĂ©rcio de mercĂșrio, indicando ao anunciante que apresente documentação comprobatĂłria da origem, autorização para importação da substĂąncia e licenças ambientais exigidas por lei.
O mercĂșrio Ă© um contaminante extremamente perigoso, que apresenta riscos ao meio ambiente e Ă vida humana. No Amazonas, a contaminação pelo mercĂșrio foi encontrada em 50% dos peixes nos municĂpios de Santa Isabel do Rio Negro e SĂŁo Gabriel da Cachoeira, o que tem relação direta com a expansĂŁo dos garimpos ilegais.
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De acordo com estudo realizado pela Fiocruz, em conjunto com a Universidade Federal do Oeste do ParĂĄ (Ufopa), o Greenpeace, o Instituto de Pesquisa e Formação IndĂgena (IepĂ©), o Instituto Socioambiental e o WWF-Brasil, os peixes consumidos pela população em seis estados da AmazĂŽnia brasileira tem concentração de mercĂșrio 21,3% acima do que Ă© permitido. AlĂ©m disso, hĂĄ presença da substĂąncia em 56% das mulheres e crianças Yanomami que habitam a regiĂŁo de MaturacĂĄ, segundo estudo realizado em 2019 pela Fiocruz.
Atualmente o MPF abriu uma consulta pĂșblica que busca obter informaçÔes sobre as consequĂȘncias socioambientais decorrentes do uso de mercĂșrio no processo de extração de minĂ©rios, sobre açÔes para reduzir o impacto ambiental da utilização do metal em garimpos de ouro, bem como conhecer alternativas sustentĂĄveis Ă utilização do mercĂșrio na exploração mineral de ouro e formas de compatibilização entre a atividade minerĂĄria e a Convenção de Minamata sobre MercĂșrio, ratificada pelo Decreto nÂș 9.470/2018. A iniciativa faz parte do InquĂ©rito Civil nÂș 1.13.000.002527/2023-60. As contribuiçÔes podem ser feitas atĂ© Ă s 18h do dia 21 de agosto.