Um tesouro cinematográfico perdido por quase um século, retratando a beleza e a diversidade da Amazônia, foi reencontrado na Cinemateca de Praga, na República Checa. O filme, intitulado “Amazonas, o Maior Rio do Mundo”, foi produzido pelo cineasta luso-brasileiro Silvino Santos, em 1918, e capturou imagens fascinantes da Bacia Amazônica, destacando suas riquezas naturais e as populações indígenas da região.
Inicialmente, o filme foi distribuído na Europa com legendas em inglês e outros idiomas. No entanto, um representante encarregado da venda internacional, Propércio de Mello Saraiva, assumiu a autoria do filme e apropriou-se dos direitos de distribuição, enganando a todos. Por uma década, de 1921 a pelo menos 1931, o filme foi celebrado sob a falsa autoria e depois desapareceu misteriosamente.
Em fevereiro de 2023, o crítico americano Jay Weissberg recebeu uma cópia digital erroneamente catalogada como uma produção de 1925 da Cinemateca de Praga. Especialista em cinema mudo, Weissberg identificou traços estéticos de Silvino Santos e contatou o professor Sávio Stocco, especialista no diretor.
A redescoberta do filme foi possível graças aos esforços de conservação da Cinemateca de Praga, que, em 1981, percebeu a degradação de uma cópia tcheca do filme e decidiu produzir um novo negativo. A cópia digital resultante reacendeu o interesse por Silvino Santos, considerado um dos principais cineastas de não ficção do início do cinema brasileiro.
Embora a cópia redescoberta não tenha sido completamente restaurada, já foi exibida em festivais internacionais, incluindo o Festival de Cinema Mudo de Pordenone, na Itália, e o Festival Internacional de Documentário de Jihlava, na República Checa. A estreia no Brasil ocorreu recentemente na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, com mais exibições programadas no Amazonas, Ceará e Rio de Janeiro.
A recuperação desse filme representa uma parte essencial da história do cinema e uma oportunidade única de reviver a rica biodiversidade da Amazônia, capturada nos primeiros anos da sétima arte.