Nesta sexta-feira (8/12), 23 casais LGBTQIAPN+ oficializaram a uniĆ£o em Casamento Civil Coletivo em Manaus. “Exercer o nosso direito de um casamento civil nĆ£o Ć© simples”, disse a presidente da Casa Miga – Acolhimento LGBT+, Karen Arruda, durante a cerimĆ“nia.
O evento foi apoiado pela Corregedoria-Geral de Justiça (CGJ-AM) do Tribunal de Justiça do Amazonas em parceria com a Caixa de Assistência dos Advogados do Amazonas (CAAM) e Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc).
Neste ano, a Prefeitura de Manaus chegou a anunciar apoio à cerimÓnia, mas recuou após pressão da bancada evangélica junto ao prefeito David Almeida (Avante). A prefeitura chegou a divulgar o evento, mas depois cancelou. Servidores envolvidos da pasta de direitos humanos sofreram pressão e ameaças de exoneração. à época, a prefeitura foi questionada sobre o assunto, mas não respondeu os motivos do cancelamento.
Durante a solenidade de hoje, a presidente da Casa Miga – Acolhimento LGBT+, Karen Arruda, falou da importĆ¢ncia de se garantir os direitos civis da população homoafetiva.
āExercer o nosso direito de um casamento civil, nĆ£o Ć© simples. NĆ£o somente pelo direito de casar, mas pelo estigma que enfrentamos todos os dias, mas ao mesmo tempo sei que a gente constrói o amor todos os dias da nossa vida. O ato de coragem de vocĆŖs de estarem aqui abertamente casando e exercendo o direito de vocĆŖs de amar, Ć© corajoso e maravilhoso. Mais que tudo Ć© garantia do que vocĆŖs estĆ£o construindo todos os dias lutando.ā
As certidões de casamento coletivo LGBTQIAPN+ foram registradas pelo 7º Cartório de Registro Civil de Manaus. Os casais, comprovadamente hipossuficientes, foram dispensados do pagamento de taxas cartoriais e tiveram um estúdio montado para registro de fotos no local e alianças oferecidos pela Sejusc, além de um buffet oferecido pela CAAM para celebrar com os convidados.
Durante o evento, o juiz corregedor auxiliar da CGJ-AM, Ćldrin Henrique de Castro Rodrigues, anunciou a divulgação do Provimento 450/2023, que institui o āNĆŗcleo de InclusĆ£o, Acessibilidade e Proteção a Pessoas Socialmente VulnerĆ”veis no Ć¢mbito da Corregedoria Geral de JustiƧa do Amazonasā.
O novo provimento elenca o pĆŗblico que serĆ” assistido, possibilitando a inclusĆ£o de outros grupos e pessoas que estejam sujeitos Ć situação de vulnerabilidade, ainda que temporariamente, e para quem as aƧƵes sociais serĆ£o desenvolvidas com objetivo de dar reconhecimento de direitos, garantias e cidadania, por meio de aƧƵes como isenção de despesas aos hipossuficientes, parcerias com universidades para a elaboração de pesquisas sobre violĆŖncia a esses grupos, visando a proteção de direitos e facilitar a implementação de polĆticas pĆŗblicas que os beneficie.
āEste casamento coletivo LGBTQIAPN+ nĆ£o Ć© apenas uma forma de respeito, amor e igualdade, mas tambĆ©m um sĆmbolo poderoso de progresso em direção a uma sociedade mais justa e compassiva. Neste evento buscamos avanƧar mais um passo em direção a um objetivo maior: a construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e mais justaā, disse a desembargadora GraƧa Figueiredo.
O presidente da CAAM, Alberto Simonetti Neto, lembrou do primeiro casamento civil coletivo LGBTQIAPN+, realizado no ano de 2014, momento em que ele foi presidente da OAB-AM e teve como vice o advogado Marcos Choy.
āEsse dia Ć© de grande emoção pra mim. Nosso plano de administração que incluĆa como prioridade o engajamento na luta pelas minorias criamos a ComissĆ£o de Diversidade Sexual. Fizemos o primeiro casamento coletivo gay no sistema OAB do Norte do Brasil e foi um sucesso e se repete hojeā, disse Neto Simonetti destacando a atuação da equipe da comissĆ£o LGBTQIAPN+ da CAAM.