‘PDF’ de prostituição: mulheres tiveram fotos roubadas para golpes no Amazonas

As redes sociais em Manaus foram tomadas, na semana passada, por um ‘PDF’ com fotos de mulheres e valores supostamente cobrados por programas sexuais. Com milhares de compartilhamentos, o book fotográfico é parte de um esquema fraudulento que vitimou pelo menos dez mulheres manauaras.

A denúncia é do advogado David Novoa, que está representando dez vítimas do crime, entre elas uma adolescente. Segundo ele, as jovens tiveram fotografias furtadas dos perfis nas redes sociais e, agora, estão sendo usadas para um golpe contra pessoas interessadas em programas sexuais.

“Os primeiros books foram montados e vazados uma primeira vez ano passado. A polícia investigou e chegou a colher o depoimento de uma suspeita. Depois disso, a mulher sumiu. Quem teria vazado seria um terceiro. Essas duas pessoas, de fato, seriam envolvidas com agenciamento de garotas de programa, mas as fotos das mulheres foram retiradas de perfis das redes sociais e eram usadas aqui e em outros Estados para aplicar golpes”, afirmou o advogado à reportagem do Segundo a Segundo.

Agenciadores da prostituição on-line usavam as fotos das belas jovens para atrair mais clientes, geralmente casados. Ao escolher a jovem, os interessados precisam pagar uma ‘taxa de segurança’ equivalente a cerca de 50% do valor do programa sexual, que podem chegar a até R$2 mil.

“Agendam achando que vão com a mulher da foto e pagam uma “taxa de segurança” para reservar o horário. Aí o agenciador some. No dia e hora, nem sinal de ninguém. Além de algumas mulheres já terem ciência disso, porque os books são antigos, quando o assunto veio à tona outras vítimas reportaram que já haviam usado fotos delas em golpes semelhantes. Em um determinado grupo, identifiquei relatos de homens que foram vítimas desse golpe”, disse Novoa.

Conforme o advogado, um telefone de Santa Catarina foi o responsável por enviar o book para um famoso perfil de fofocas de Manaus, que publicou o conteúdo na íntegra e ajudou a viralizá-lo, sobretudo, no twitter e no Whatsapp.

“O que fizeram está atingindo mulheres e suas famílias de forma absolutamente incomensurável e injusta. O que buscamos é a restauração da dignidade de todas elas perante a sociedade e a responsabilização de cada um dos envolvidos com as montagens.”

O PDF com os books fotográficos reúnem imagens de cerca de 80 mulheres e voltaram a circular nas redes sociais de Manaus, entre os dias 8 e 9 de novembro.

Vítimas do PDF vão registrar Boletim de Ocorrência

Após o levantamento preliminar de informações, o defesa das mulheres pretende formalizar uma ocorrência na Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Amazonas, ainda nesta semana, para que o caso seja investigado.

“Criminalmente, queremos que os responsáveis sejam processados, julgados e condenados na forma da Lei. Civilmente iremos demandar todos os veículos de comunicação e perfis de redes sociais que, direta ou indiretamente, disponibilizaram os PDFs para visualização e download.

A defesa das jovens vítimas do PDF com o book de prostituição pediu à Justiça que os conteúdos fossem removidos de sites de notícias e perfis nas redes sociais e também solicitou a exclusão do material pelas plataformas Facebook, Instagram e Twitter.

“Já obtivemos uma liminar contra três veículos de comunicação para que retirem as notícias e os PDFs do ar. Uma outra decisão liminar voltada a perfis do Instagram ainda não foi analisada pela juíza da Vara para qual foi distribuído o processo, mas seguimos no aguardo.”