Uma jovem de 20 anos foi presa suspeita pela tortura e morte de um sobrinho de apenas dois anos de idade. A prisão foi efetuada pela Delegacia Especializada em Proteção à Criança e Adolescente (Depca).
Danielle da Silva Neves foi presa no bairro Nossa Senhora das Graças, zona centro-sul. Conforme a delegada Joyce Coelho, na manhã desta quinta-feira (26/10), foi feita uma acareação no sistema prisional entre os dois envolvidos no crime, a fim de concluir o Inquérito Policial (IP).
Ao ficarem frente a frente, os infratores trocaram acusações sobre a tortura e morte da criança.
“É inegável que ambos praticaram, em algum momento, as agressões à vítima. Não foram agressões isoladas, não foi um fato isolado, pois o laudo de necropsia da criança identificou diversas lesões corporais, antigas e recentes, e uma isquemia cerebral. Ou seja, durante os três meses que a vítima ficou no convívio da dupla, ela foi constantemente agredida”, disse a delegada.
A Polícia Civil solicitou, inicialmente, a prisão temporária dos envolvidos, entretanto, apenas a do indivíduo foi deferida pelo Poder Judiciário. Então, no dia 9 de outubro ele foi preso pelos policiais civis da Depca.
“Continuamos a solicitar a prisão temporária da mulher pela tortura e morte do sobrinho para que pudéssemos colocá-los frente a frente, e apurar as circunstâncias do fato como um todo. Ontem obtivemos êxito em prendê-la, na data de hoje diligenciamos na penitenciária e os ouvimos ao mesmo tempo, e iremos concluir o Inquérito Policial com o indiciamento dos dois, já que eles eram os responsáveis pela criança”, explicou a delegada Joyce Coelho.
Versões sobre a tortura e morte do sobrinho
A delegada Joyce Coelho afirmou que a infratora admitiu, em depoimento, que as marcas de unha – encontradas na vítima – seriam dela, momento em que ela agarrou no pescoço da vítima na tentativa de esganá-lo. Mas ela direciona a culpa das agressões que vitimou o seu sobrinho ao companheiro.
“Ela relata que no dia 4 de outubro, o homem teria chegado em casa e se aborrecido pelo fato da criança ter feito as necessidades fisiológicas no chão do imóvel. Em razão das agressões, a criança começou a ter febre e teria convulsionado no dia 5 de outubro, e a partir dali não teria acordado mais”, disse.
Já o companheiro dela, segundo a delegada, desde o primeiro momento, negou qualquer tipo de agressão e imputa a culpa à mulher. Ele teria alegado que constantemente via marcas e hematomas na criança, mas não teria presenciado nenhuma das agressões e sabia que a responsável seria a tia.
“Ele contou, ainda, que no dia 5 de outubro chegou na residência e a criança já estava desmaiada, portanto, não teria presenciado as atitudes que ocasionaram tal fato. Ele teria, inclusive, acionado a própria família para levar a vítima ao Hospital e Pronto-Socorro (HPS) Platão Araújo”, disse.
Ainda de acordo com a titular, mesmo sofrendo com as agressões constantes, em nenhum momento a criança foi levada para atendimento médico. Ao serem questionados, os infratores confirmaram a informação e disseram que um dos motivos, teria sido o fato da vítima não ter documentos.
“É notória uma negligência familiar de todos os lados da família desta criança. Se trata de uma família totalmente desestruturada. A genitora foi ouvida, nos informou que desde os 12 anos é usuária de drogas, tendo, inclusive, problemas visíveis com entorpecentes. Ela não aparentou qualquer sentimento em relação a perda do filho”, salientou.
Joyce enfatizou que todos os fatos foram narrados no Inquérito Policial, para que o Ministério Público possa responsabilizar outros possíveis corresponsáveis neste caso, sobretudo na questão da negligência.
Proteção às crianças
A delegada reforçou que é importante que terceiros denunciem casos de tortura envolvendo crianças, pois se trata de um público vulnerável que não consegue verbalizar sozinho o que está acontecendo.
“Recebemos, pela manhã, a denúncia de um bebê de 11 meses que teve os dedos amputados, vítima de tortura. Já estamos em diligência em torno deste caso, iremos ouvir os responsáveis e apurar as circunstâncias”, contou.
A dupla responderá por tortura com resultado morte e ficarão à disposição da Justiça.