A quarta-feira (20/09) iniciou com um dia ensolarado, porém ao longo da manhã o tempo foi se transformando. A fumaça, resultado dos altos índices de queimadas e desmatamentos, encobriu algumas regiões do estado do Amazonas. Em Manaus, moradores de diferentes bairros reclamaram do forte mal cheiro.
Em seguida, a cidade foi atingida por uma forte chuva e ventania. Alguns bairros também registraram chuva de granizo, sendo algo raro de acontecer na região. As consequências da variação climática foram as mais diversas, desde aumento de doenças respiratórias, cancelamento de pousos e decolagens. Além disso, Manaus registrou 26 ocorrências de desabamento, tombamento, destelhamento, entre outros.
Conforme a Defesa Civil do Município de Manaus, das 26 ocorrências: 11 foram de destelhamento, três de desabamento, três de tombamento, duas de alagamento, duas de rachaduras, duas relacionadas a bueiros, uma de risco de tombamento, uma solicitação de vistoria e uma solicitação de construção e reparo de ponte provisória. Em meio a fumaça e a dificuldade respiratória, a recomendação é o uso de máscaras, beber bastante água, utilizar purificador de ar, fechar janelas e portas.
As ocorrências foram registradas em bairros da zona Leste, Norte e Oeste da cidade. Foram divulgados também, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe) que revelaram que somente no Amazonas, nas últimas 24 horas, foram detectados mais de 200 focos de queimadas, com os mais incidência no Sul do estado.
O Portal Segundo a Segundo conversou com a pesquisadora titular do INPE, Luciana Vanni Gatti, especialista em mudança climática na Amazônia, que revelou o principal motivo dessas variações: o desmatamento.
O desmatamento acelerado na Amazônia está levando ao aumento dos eventos extremos de chuvas intensas e ventanias, está cada vez mais intenso porque desmatando a Amazônia está ficando mais quente, como a superfície está quente, quando chega uma frente fria a diferença de temperatura entre a superfície e a frente que chega é maior o que gera uma intensidade nas chuvas. Essas acelerações de mudanças climáticas de eventos extremos têm relação com o desmatamento da Amazônia nos últimos 5 anos. A Amazônia funcionava como um airbag contra mudanças climáticas no Brasil, na região sul do Amazonas, Acre e Rondônia está tendo um aumento absurdo de desmatamento, o que esquenta a superfície”,
ressaltou a pesquisadora Luciana Vanni.