Crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência física ou sexual apresentaram sinais que podem ajudar a identificar o crime. Observar esses sinais é importante para quebrar o ciclo de violência. Além do medo, há casos em que a criança é tão pequena que não entende que está sendo vítima.
Para promover acolhimento dessa criança e adolescente vítima, é importante estar atento aos sinais involuntários e também desempenhar o papel de escuta ativa.
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os estados do Amazonas, Roraima, Rio Grande do Norte, Acre e Pará lideram o país com o maior índice registrado de estupro. Somente em 2022, o Amazonas registrou 836 casos, sendo 591 deles de estupro de vulneráveis.
Para entender melhor sobre os comportamentos mais comuns entre as vítimas e a importância do acompanhamento com psicólogo, o Segundo a Segundo conversou com a neuropsicóloga Aline Padilha, especialista no tratamento de transtorno pós traumático e violência sexual, formada pela Universidade Nilton Lins.
Entre a alteração no comportamento da criança ou adolescente que sofreu abuso está a diminuição do apetite, emagrecimento, ansiedade e hiperatividade. Podendo se tornar comportamento suicida, caso não haja um acompanhamento.
“Quando os pais percebem que houve um abuso, as primeiras recomendações em que podemos orientar é que acolham essa criança com uma escuta ativa qualificada, onde ela se sinta confiante e também proteger essa criança em relação ao seu abusador. É importante que ela seja afastada imediatamente do abusador porque toda vez que ela chega próximo desse indivíduo ela sofre igual como aconteceu o ato”, esclareceu a neuropsicóloga.
Aline também destacou a importância do acompanhamento com profissionais para regular todas as emoções vividas pela criança pós-trauma.
“O psicólogo trabalha com o fortalecimento da autoestima da criança ou do adolescente, como também o enfrentamento das consequências desse ato porque é uma violência. Ensinando repertórios comportamentais sobre a situação que a criança está apresentando, como a regulação emocional, através de uma escuta não julgadora e o desenvolvimento de outras habilidades. O profissional não julga a criança, às vezes um dos pensamentos da criança é achar que ela foi a culpada de tudo aquilo que aconteceu, o que não é verdade”, enfatizou.
Além disso, a falta do acompanhamento e tratamento da criança ou adolescente pode gerar consequências graves, prejudicando ao longo da vida adulta.
“Se essa criança não passou por acompanhamento, não trabalhou a regulação emocional, não fortaleceu a autoestima, se essa criança continua frequentando o mesmo ambiente que seu abusador, as consequências podem ser das mais variadas. Como interesse sexual precoce, mudança de humor, e dependendo da intensidade elas podem se automutilar. Cada pessoa vai agir de uma forma diferente em relação ao abuso. Se não houver tratamento, na vida adulta pode desenvolver alguns transtornos psiquiátricos”, explicou a especialista.
Como identificar através do comportamento que uma criança foi vítima de violência sexual?
1.É importante se atentar ao comportamento da criança, como o isolamento, desconfiança, medos, agressividade, tristeza ou quietude;
2.Indícios físicos como dificuldade de andar ou sentar, marcas, traumas, lesões, roxos ou dores e inchaço;
3.Hábitos como falta de concentração, transtornos alimentares e insônia;
4. Se recebeu algum presente, dinheiro ou benefício;
5.Pode apresentar regressão a comportamentos infantis como chorar se motivo, fazer xixi na cama ou voltar a chupar dedo;
6.Proximidade excessiva ou rejeição a alguma pessoa;
7.Outro fator é a negligência de ficar muito tempo sem supervisão ou não ter apoio emocional da família.
Como denunciar casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Manaus?
Em Manaus, as denúncias podem ser realizadas através do (92) 3656-7445 ou do 190, da Polícia Militar. A Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) fica localizada na Avenida Via Láctea, no conjunto Morada do Sol.