Startups e organizações não governamentais se mobilizam para a arrecadação de água potável e alimentos.
O dia 9 de agosto marca o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Mediante um decreto da Organização das Nações Unidas (ONU) e através de esforços de diversos representantes das comunidades indígenas ao redor do mundo, a data foi oficializada com o objetivo de criar circunstâncias propícias para cessar os ataques enfrentados por estes povos em suas terras, após mais de quinhentos anos desde a expansão das formas de convívio impostas aos indígenas pelos povos de origem européia, predominantemente.
A data foi criada em 1995 por meio da construção de uma declaração da entidade sobre o assunto, que veio a ser aprovada apenas em 13 de setembro de 2007. O documento visa a garantia da autodeterminação e liberdade social, econômica e política para todas as comunidades em questão e o pleno acesso a todo e qualquer direito humano estabelecido como inalienável pela organização.
Acompanhamos no início do ano a tragédia e as mortes dos povos Yanomami. Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 570 crianças morreram por contaminação de mercúrio, desnutrição e fome nos últimos quatro anos. Neste cenário de luta, dor e pedidos de socorro dos Yanomamis, organizações não governamentais, startups e empresas privadas se mobilizam em uma ação nacional para arrecadação de água mineral e alimentos para o estado de Roraima. A principal causa de morte, principalmente em crianças, tem sido a desnutrição, a diarréia e a contaminação de mercúrio por conta da ingestão de água e peixes contaminados.
A PWTech em ação com a Secoya está criando estações de tratamentos para purificação da água, desde o ano passado, para os Yanomamis, as ações ganharam repercussão inclusive em outras regiões indígenas e também para comunidades do Pantanal.
Para Fernando Silva, CEO da startup, a ocupação das terras indígenas pelo garimpo ilegal, é uma das principais causas para a contaminação da água dos povos originários. “A utilização do mercúrio como uma forma rápida para separar o ouro do cascalho, traz um custo altíssimo para o meio ambiente e para a saúde humana. Ele contamina as águas que bebemos e os peixes que comemos. No nosso corpo, o mercúrio pode afetar a coordenação motora, a visão e até mesmo a memória”, explica o especialista.
O equipamento é capaz de purificar 5.760 mil litros de água por dia, eliminando 100% de vírus e bactérias, tornando-a própria para o consumo humano. Selecionado em agosto, pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas, a tecnologia auxiliou no abastecimento de água de 5 mil pessoas afetadas pelos ciclones que atingiram Madagascar, país da África Oriental, nos primeiros meses de 2022.
Enquanto a PWTech fez a doação do equipamento, a Associação se responsabilizou pelo transporte e instalação do purificador, onde cerca de 90 indígenas Yanomami vivem nas margens do Rio Marauiá (principal fonte de água para o consumo da comunidade). As duas instituições estudam em conjunto como expandir a iniciativa para contemplar não somente o Xapono do Taracoá, como outras comunidades do rio Marauiá e das demais regiões do Território Yanomami do estado do Amazonas.
A ONG Ação da Cidadania, referência há décadas no combate à fome no Brasil, também mobilizou equipes e já entregou mais de 17 toneladas de alimentos aos indígenas Yanomami em Roraima. Para levar alimentos e medicamentos à região, a Força Aérea Brasileira (FAB), sob coordenação do Ministério da Defesa, atua com o transporte diário de cargas. Segundo o órgão, a FAB já transportou 574 cestas, o que totaliza 9.874 quilos de cestas básicas e mais de 3 toneladas de medicamentos e materiais hospitalares.
Neste dia internacional dos povos indígenas, fica o ecoar do grito da mãe que perde o filho por desnutrição, fica a intolerância e o desrespeito pelos povos originários, a ganância pela extração ilegal de minérios e o pedido de socorros não só dos Yanomamis, mas de todos os povos originários deste país.