A instituição islâmica que catequiza e leva jovens indígenas do Amazonas para a Turquia, sob o pretexto de ajuda humanitária, está no centro das discussões de um debate na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), na próxima quarta-feira, 10. A reunião promovida pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional tem início programado para às 9h, no plenário 3 da Casa Legislativa.
O debate foi motivado pela reportagem publicada em abril pelo site de notícias Metrópole sobre as práticas da Associação Solidária Humanitária do Amazonas (Asham), que converte crianças e adolescentes indígenas ao Islã e que já levou pelo menos cinco deles para território turco.
O grupo está na mira das Polícias Civil e Federal, do Conselho Tutelar de Manaus e da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
De acordo com a apuração, a Asham é chefiada por um homem identificado como Abdulhakim Tokdemir, que vive em Manaus desde 2019.
O turco é responsável pelo internato improvisado num sobrado localizado no bairro São Jorge, zona oeste de Manaus, para onde crianças e adolescentes indígenas de São Gabriel da Cachoeira eram levados. Depois, eles seguiam para outro internato em São Paulo e, quando completassem 18 anos, para a Turquia.
No local, os indígenas eram submetidos a uma rotina intensa de ensinamentos religiosos, sendo obrigados a decorar trechos do Alcorão no idioma original, e ganhavam até novos nomes árabes.
A instituição, porém, não possui cadastro para funcionar como abrigo de crianças e adolescentes e sequer tinha a guarda dos menores – apenas uma autorização informal assinada pelos pais em troca de doações e da promessa de custeio dos estudos.
“Entre as questões importantes de serem debatidas estão: como o grupo Asham entrou no País? O que já foi apurado pelos órgãos públicos em São Gabriel da Cachoeira? Quais ações foram tomadas pelo Ministério dos Povos Indígenas (e Funai) e pelo Ministério das Relações Exteriores? Há alguma informação sobre os brasileiros que estão na Turquia?”
QUESTIONA O DEPUTADO FEDERAL ALFREDO GASPAR (UNIÃO-AL), QUE SOLICITOU O DEBATE.
Foram convidados para a reunião representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério dos Povos Indígenas, além do repórter do site Metrópoles, Thalys Alcântara.