Segundo Ubiratan de Paula Santos, de cada duas pessoas que fumaram por mais de 20 anos, ao longo da vida, uma morre por doenças causadas pelo cigarro
Relatório de especialistas em saúde pública, apresentado em seminário internacional de pesquisa em Estocolmo, aponta que a Suécia está próxima de se tornar o primeiro país na Europa a ficar livre do tabagismo. Os autores do relatório explicam que a estratégia é a redução da oferta do tabaco combinada com a proibição do fumo em determinados espaços, porém indicando que é possível aceitar produtos sem fumaça – como os cigarros eletrônicos – como alternativa menos prejudicial à saúde.
No entanto, o pneumologista Ubiratan de Paula Santos, responsável pelo Ambulatório de Cessação de Tabagismo da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, alerta que essa informação está longe de ser real. Para o médico, a notícia tem vários pontos que precisam ser esclarecidos, como a presença de um pesquisador que é consultor da indústria do tabaco.
Santos destaca que a indústria do tabaco é responsável pela fabricação dos cigarros eletrônicos e aquecidos, os chamados cigarros sem fumaça, que causam diversos danos a curto prazo e não são permitidos no Brasil. O médico avalia este fato como positivo e lembra que 30% da população de países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra são adeptas desse tipo de fumo.
Política antifumo no Brasil
O pneumologista explica que o Brasil tem uma política antifumo bem-sucedida desde a década de 1990, com redução continuada em mais de 70% em ambos os sexos. Dados publicados em artigo na revista Lancet, em 2021, que avaliou informações de 204 países com estudos globais de diversas doenças, incluindo o tabagismo, aponta que o Brasil tem uma taxa de fumantes de 6,8 para mulheres e 10,9 para homens, resultado bem mais expressivo do que a Suécia, que teve redução de 14% para mulheres e 12,4% para homens.
No entanto, Santos alerta que, apesar dos bons números, o Brasil ainda tem muitos fumantes. Para o pneumologista, as campanhas são de suma importância, conscientizando sobre os riscos que o cigarro causa à saúde e informando como procurar ajuda. Reforça, ainda, a necessidade de fiscalização adequada da venda de cigarros avulsos vendidos em bancas de jornal. Além de a venda de maços com menos de 20 cigarros ser proibida por lei, é fundamental que o Estado tenha o controle da fiscalização.
De cada duas pessoas que fumaram por mais de 20 anos, ao longo da vida, uma morre por doenças causadas pelo cigarro. O cigarro possui 73 agentes cancerígenos para o ser humano. Um fumante vive dez anos menos que uma pessoa que nunca fumou. As doenças cardiovasculares e crônicas estão entre as principais causas.