Na noite de véspera de Réveillon, a novela Travessia entrou para a história ao marcar o pior índice de uma trama na faixa das 21h, apenas 14,5 pontos na Grande São Paulo. Os dados são do Kantar IBOPE Media.
Com uma trama que mescla a história dos personagens com a tecnologia, Travessia vem se consolidando como um dos maiores fracassos da carreira de Glória Perez – e um dos maiores da faixa. Mas o fracasso de tramas que abordaram a tecnologia não é algo inédito na televisão. Vamos relembrar alguns exemplos?
Tempos Modernos (2010)
Suceder Caras e Bocas (2009) já era uma grande missão enfrentada pelo autor Bosco Brasil em Tempos Modernos (2010) antes de estrear. A novela de Walcyr Carrasco havia feito sucesso de audiência e a meta era continuar surfando no horário das 19h. Mas não foi o que aconteceu.
Com uma trama inspirada no clássico “O Rei Lear”, de Shakespeare, o protagonista Leal (Antônio Fagundes) era dono de um “prédio inteligente”, o Titã, localizado no Centro de São Paulo.
A novela contava com um computador-robô, o Frank, e Grazi Massafera vivendo uma vilã mecanizada, a Deodora. Com o fracasso inicial da audiência, a tecnologia foi suprimida e alguns perfis de personagens foram mudados, mas nada foi suficiente para melhorar a situação da novela, que terminou com 24 de média, um dos menores índices na época.
Morde & Assopra (2011)
Anunciada inicialmente como “Dinossauros e Robôs”, Morde e Assopra pretendia unir o clássico com o moderno, numa trama que falava sobre fósseis pré-históricos e também sobre androides humanos.
Júlia (Adriana Esteves) é uma paleontóloga que vai para a cidade de Preciosa, em busca de ossadas de dinossauros ainda não catalogadas. Ela se envolve com Abner (Marcos Pasquim), viúvo rude e dono de um cafezal.
Na mesma cidade, o cientista Ícaro (Mateus Solano) recria a esposa falecida Naomi (Flávia Alessandra) em forma de robô android inteligente, causando uma série de confusões.
Com um início morno em audiência, o autor Walcyr Carrasco tratou logo de realizar as devidas mudanças na trama de Morde & Assopra: suprimiu a parte da tecnologia, destacando a parte dramática da história, como a história da pobre Dulce (Cássia Kiss), que sofre nas mãos do filho Guilherme (Klebber Toledo). O resultado veio logo, a novela terminou com a segunda maior audiência da década, perdendo apenas para o sucesso Cheias de Charme (2012).
Geração Brasil (2014)
Os autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira vinham do megasucesso Cheias de Charme (2012), ícone da faixa das 19h. O desafio dos autores era igualar ou superar o sucesso da trama anterior.
Para os papéis principais, foram escalados os mesmos atores de Cheias de Charme, Taís Araújo, Cláudia Abreu, Humberto Carrão e Isabelle Drummond. Mas, diferente da anterior, a trama não empolgou os telespectadores.
Com diálogo que mesclava o inglês com o português, Geração Brasil contava a história do milionário Jonas Marra (Murilo Benício), casado com a queridinha da TV Americana, Pamela Parker (Cláudia Abreu). Megan (Isabelle Drummond) é a filha problemática do casal.
No auge da carreira, Jonas transfere sua empresa “Marra Corporation” para o Brasil e cria um reality show para selecionar seu sucesso, ou sucessora nos negócios. Tanta tecnologia, tentativa de emular o sucesso de Cheias de Charme só afastou público. Geração Brasil terminou com 19,5 pontos de média, o pior da faixa.