Estreando nas Paralimpíadas Escolares 2022, a modalidade de Halterofilismo – Levantamento de Peso, trouxe grandes resultados para o Amazonas. Os paratletas dessa modalidade conquistaram duas medalhas, sendo uma de ouro e uma de prata. O esforço da equipe rendeu ao Amazonas o título de vice-campeão na modalidade, fazendo jus a um troféu.
João Pedro Sousa, 16 anos, tem artrogripose, uma malformação das articulações, e participou pela primeira vez das Paralimpíadas. O jovem conquistou ouro na categoria masculino carregando 75 quilos e diz que já esperava pelo lugar mais alto do pódio. “Eu já esperava ganhar a medalha, pois eu vim com esse pensamento de ganhar. Chegando aqui, isso só se concretizou e eu só tenho a agradecer”, comemora.
O estudante já praticou outros esportes como corrida de rua, basquete, natação e outras modalidades. O esporte atual entrou na vida do estudante através de um amigo, e logo o conquistou. Segundo ele, a modalidade mostrou o quanto ele é forte. “Hoje eu consigo carregar até meu pai”, acrescenta.
O vencedor da modalidade diz que a conquista é possível graças à confiança e esforço. “Nada é impossível como cadeirante, as pessoas vão te limitar, mas o segredo é acreditar em você mesmo”, pontua.
A prata na modalidade veio na categoria feminina, com Emily Botelho, de 16 anos, da Escola Estadual Eliana Socorro Pacheco, zona norte de Manaus. A estudante, que tem mielomeningocele, uma má-formação na coluna que atrofiou a movimentação das pernas, diz que é a primeira vez que viajou e que foi a primeira da família a participar de uma competição.
“Eu estou sem palavras, isso mexeu comigo, foi a primeira vez que viajei de avião, que sai da minha cidade e que participei de uma Paralimpíada. E logo de cara eu já ganhei prata. Nada é impossível pra gente, seja cadeirante ou qualquer outra deficiência, nada é impossível”, enfatiza.
Honraria ao Amazonas
As medalhas conquistadas renderam ao Amazonas o troféu e título de vice-campeão, colocando o estado como o segundo melhor do Brasil na modalidade. O professor e coordenador do Centro de Referência Paralímpico (CRP), Keegan Ponce, diz que a modalidade veio para quebrar paradigmas
“Culturalmente a sociedade acha que é impossível um cadeirante ou qualquer deficiente carregar peso, então é uma modalidade que vem para desconstruir essa visão. O Amazonas é um orgulho e a gente se organiza para receber essa honraria e se prepara para ano que vem trazer mais resultados”, frisa.
O halterofilismo já existe nas Paralimpíadas nível adulto e agora chega nas faixas escolares. Em Manaus, o Centro de Referência Paralímpico (CRP), localizado na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), tem se tornado referência no treinamento de paratletas no esporte. Em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Desporto, tem buscado mais estudantes com deficiência para praticarem o desporto.