Uma pesquisa desenvolvida no Amazonas elaborou um protocolo para diagnóstico e tratamento de acidentes ofídicos para ser aplicado de forma viável e eficaz em unidades de saúde de baixa complexidade em municípios do interior do estado. O estudo, que recebe investimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação em Áreas Prioritárias para o Estado do Amazonas – CT&I Áreas Prioritárias, Edital nº 010/2021.
O estudo, ainda em andamento, envolve o desenvolvimento de um protocolo desde os primeiros socorros, diagnóstico e classificação do envenenamento e o teste de coagulação sanguínea até o preparo para administração do antiveneno, cuidados locais, seguimento do paciente, possibilidade de transferência da vítima, eventuais complicações e critérios clínicos de alta hospitalar.
Também constam, no procedimento padrão do atendimento médico desenvolvido pela pesquisa, o acompanhamento do paciente por parte de um profissional da saúde, a notificação do caso e o recebimento e armazenamento dos antivenenos.
Intitulado “Descentralização do tratamento antiveneno nos acidentes ofídicos na Amazônia Brasileira: um exercício de gestão no SUS”, o trabalho é coordenado pelo pesquisador Wuelton Marcelo Monteiro, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
“Este protocolo já vem sendo usado pela equipe para o treinamento de profissionais do Amazonas e de Roraima, especialmente os que atuam no interior e em áreas indígenas destes estados, mostrando o impacto social desta proposta”, comemora Wuelton, que é doutor em Medicina Tropical.
Validação e implementação
Ainda de acordo com o coordenador, o protocolo médico e sanitário formulado no projeto foi validado com a participação de parte dos maiores especialistas em acidentes ofídicos do país e está em implantação em unidades de saúde de baixa complexidade nos municípios do Careiro da Várzea (a 88 quilômetros de Manaus) e Ipixuna (distante 1.367 quilômetros da capital amazonense).
Na atual fase, a pesquisa se concentra em desempenhar com sucesso cada uma das etapas e fases que propõe, conforme destaca Wuelton.
“Neste momento, estamos realizando os demais objetivos específicos do projeto, que são implementar o protocolo validado em ambientes hospitalares e em unidades de menor complexidade; estimar a efetividade da implementação do protocolo usando desfechos clinicamente relevantes; e avaliar as percepções e aumento da segurança dos profissionais treinados”, enfatiza o coordenador.
Impactos sociais e parcerias
Entre as consequências positivas do projeto estará a disponibilidade do antiveneno e demais medicações básicas e necessárias para o rápido tratamento de acidentes com cobras em municípios distantes de grandes centros urbanos, possibilitando assim a redução da ocorrência de sequelas locais, complicações sistêmicas e óbitos.
A pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), os distritos sanitários indígenas (DSEI) e as secretarias municipais de saúde dos municípios envolvidos.
CT&I Áreas Prioritárias
O Programa de Apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação em Áreas Prioritárias para o Estado do Amazonas apoia propostas de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, nas diferentes áreas do conhecimento, coordenadas por pesquisadores residentes no Amazonas, vinculados às instituições de pesquisa ou ensino superior ou centros de pesquisa de natureza pública ou privada sem fins lucrativos, para o avanço e o aprofundamento das áreas do conhecimento.
FOTOS: Acervo pessoal/Wuelton Marcelo Monteiro e Divulgação/FMT-HVD