Uma ação voluntária apenas com recursos privados já recolheu e reciclou mais de 100 toneladas de pneus que estavam jogados em Manaus e na periferia da cidade, em área de Floresta Amazônica.
A iniciativa é da Associação Brasileira de Empresas de Reciclagem de Pneus Inservíveis (Abrerpi) em parceria com a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), por meio do programa Brasil Rodando Limpo.
Em julho deste ano foram recolhidos em Manaus/AM 45 toneladas de pneus velhos e nesta semana (20/10) chegaram mais 60 para reciclagem em Piraquara/PR, totalizando 105 toneladas até agora.
De acordo o representante da indústria de reciclagem de pneumáticos, presidente da Abrerpi Joel Custodio, a iniciativa alivia um pouco a sobrecarga de pneus sem destinação ambiental na região amazônica, mas é preciso ir além.
“Nessas duas operações em Manaus nós conseguimos o patrocínio de empresas engajadas na causa ambiental e transportamos esses sete contêineres por mais de 4 mil quilômetros para reciclagem. Logicamente essa logística reversa não se sustenta no longo prazo, não pode ser tão complexa. É necessário leis e incentivos fiscais para instalação de recicladoras em regiões em que a atividade ainda não se viabilizou economicamente, como na Amazônia”, afirma Custodio.
Em Manaus/AM é muito comum avistar pneus velhos amontoados em canteiros no meio de avenidas e também na periferia, já em área de floresta amazônica, existem aberturas na mata com montes de pneus velhos acumulando água parada. A estimativa das duas entidades é que em apenas em um desses pontos há pneus suficientes para lotar cerca de 60 contêineres.
De acordo com o representante dos importadores (Abidip), Ricardo Alipio, essa operação em Manaus/AM é paradigmática e pode representar o caminho para a solução definitiva. “Procuramos mobilizar a sociedade para discutir e resolver o problema. Mais do que incentivar a atividade recicladora, é preciso fiscalização em todo o ciclo do pneu, principalmente no autocenter, onde o consumidor deixa o pneu usado”. Alípio destaca que os importadores já cumprem suas obrigações junto ao IBAMA comprando créditos das recicladoras, “mas não temos poder de coerção para obrigar que o dono do autocenter envie o pneu para a recicladora”, completa.
Essa segunda fase da operação em Manaus foi subsidiada pela GP Import, Yaro Pneus, GF Pneus, Grupo Cantu Store, associadas Abidip, que já cumprem suas obrigações legais e ainda mantém programas permanentes de responsabilidade ambiental, e também, pela Movvi Logística, empresa engajada em ações de preservação do meio ambiente.
Destinação
As recicladoras normalmente trituram os pneus e vendem o resíduo para utilização como combustível em fornos de cimenteiras ou como mistura na produção de asfalto, que fica mais resistente e durável. O farelo que sai da recicladora também é utilizado na produção de tapetes, sapatos, equipamentos de lazer e autopeças. O metal do pneu é separado e volta para a indústria siderúrgica.
Em Manaus/AM existe indústria de asfalto que poderia absorver parte da produção de uma recicladora de pneus.