O pensamento de que investimento é coisa para quem possui uma renda alta já se tornou ultrapassado. O mercado financeiro tem oferecido cada vez mais opções, que se adequam ao perfil de cada pessoa.
Segundo o professor do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Teresa, Luis Carlos Melo, tradicionalmente, o brasileiro de classe média não tem o costume de aplicar seus em investimentos que possam lhe trazer grande rentabilidade. Ele explica que quem cresceu nos anos 80 conviveu com uma forte e massificada campanha para fortalecimento da poupança nacional. “Era a época da ‘caderneta de poupança’, cujo nome derivava justamente do tipo de aplicação na qual o cliente ia até o banco depositar seu dinheiro e o caixa literalmente anotava em uma caderneta o valor aplicado, gesto esse também utilizado no caso do resgate de valores”, relata.
Luis Carlos Melo ressalta que o incentivo massivo ao uso da poupança se explica pelo fato de que grande parte dos empreendimentos imobiliários que ajudaram o país a construir quantidade significativa de moradias, era financiada por recursos desses investimentos.
“O ato de investir em poupança sempre representou muita tranquilidade, principalmente para o pequeno poupador, haja vista que se trata de um produto simples, com juros que se situam na faixa de 6% ao ano, mais a correção, com liquidez imediata e garantida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de R$ 250 mil”, detalha.
A questão, diz ele, é que os diversos períodos inflacionários, que levavam o investidor a ter a ilusão de que estava ganhando muito por conta dos juros altos, acabaram fazendo com que a poupança perdesse o seu encanto. “O investidor quer ter seu dinheiro corrigido com indicadores acima da inflação e em curto tempo de prazo. Com a poupança, isso tem sido cada vez mais difícil”, afirmou.
De acordo com Luis Carlos, existem outros inúmeros produtos, além da poupança, que o pequeno investidor pode se valer para guardar um pouco de seus recursos e ainda auferir algum ganho com isso.
Atualmente, muitos investimentos oferecem vantagens para quem quer aplicar, inicialmente com baixos recursos. Um exemplo são as aplicações em títulos de capitalização, onde o investidor pode começar com recursos da ordem de R$ 50 mensais. O valor é corrigido por um prazo delimitado e o cliente ainda conta com vantagens adicionais, como concorrer a prêmios em dinheiro.
Outro tipo de investimento muito difundido nos tempos atuais é o Tesouro Direto, que consiste, basicamente, em um “empréstimo” que a pessoa faz para o governo, e que se traduz em um investimento de renda fixa com rentabilidade superior à poupança, com a segurança de retorno do investimento pelo Governo Federal. A pessoa pode começar aplicando a partir de R$ 30.
Nessa mesma faixa de valor, tem também a previdência complementar que, apesar de não ser considerado um investimento, mas sim um seguro, pode ser iniciado a partir de R$ 50, com possibilidades de aporte de maior soma de capital a qualquer momento. Essa opção representa, na verdade, um planejamento financeiro que pode funcionar como complemento de aposentadoria, diversificação de investimentos ou sucessão patrimonial.
Já para aqueles que possuem mais recursos e querem ousar no mercado financeiro, a dica é quanto maior o prazo e o risco, melhor o retorno. “Se o investidor não tem a necessidade de liquidez em curto ou médio prazo, pode investir em produtos de renda variável – aqueles onde não se tem a rentabilidade conhecida no ato da aplicação. Isso porque esses produtos ficam sujeitos às oscilações do mercado e suas variáveis, como inflação e taxa de juros”, destacou.
Geralmente, os consultores financeiros indicam aplicações em ações ou fundos de investimento. Antes, porém, é necessário fazer a Análise do Perfil do Investidor (API), para situar de forma mais adequada o produto que satisfaz a condição de alto ou baixo risco à qual a pessoa tem a intenção de aplicar.
Para quem está tentado a iniciar um investimento, mesmo com poucos recursos, outra dica é buscar na internet simuladores que são disponibilizados por empresas que atuam como consultoria de negócios, a exemplo de algumas como a XP Investimentos e NuInvest.
“Através dessas ferramentas vai ser fácil escolher o investimento que dará mais segurança e confiança para aqueles momentos em que se tem algum recurso. Por fim, o ideal é que tenhamos um controle efetivo dos nossos gastos, para que possamos ter sempre disponível aquele valor que pretendemos guardar para construir algum projeto ou dar vida a algum sonho: ter a casa própria, trocar de carro, a viagem inesquecível, a faculdade ou, até mesmo, o complemento da aposentadoria”.