Policiais civis da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), com o apoio da 48ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Maués e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core-AM), deflagraram, nesta quarta-feira (13/07), a quarta fase da Operação Acalento, que resultou nas prisões de dois indivíduos pelos crimes de estupro de vulnerável e tortura cometidos contra crianças e adolescentes.
As prisões ocorreram no bairro Armando Mendes, zona leste de Manaus, e no município de Maués (a 276 quilômetros da capital).
Durante coletiva de imprensa realizada na Delegacia Geral (DG), no bairro Dom Pedro, zona centro-oeste da capital, o delegado-geral adjunto, Bruno Fraga, destacou que a operação foi fruto do empenho dos policiais civis em dar uma pronta resposta à sociedade, e em resguardar a integridade das vítimas.
“Tivemos êxito em mais esta ação, que resultou na retirada de circulação desses indivíduos. A PC-AM e a Depca seguem trabalhando na defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que nesta quarta-feira (13/07), completa 32 anos, a fim de preservar os direitos desse público”, elencou o delegado-geral adjunto.
Manaus
A delegada Joyce Coelho, titular da Depca, que esteve à frente da operação, destacou que a prisão ocorrida na capital, se deu a partir da denúncia de uma representante de duas adolescentes de 16 e 17 anos, na delegacia. Na ocasião, a denunciante relatou que um idoso de 62 anos, que era tio-avô das vítimas, teria abusado sexualmente delas.
“A mãe das adolescentes trabalha como agricultora no interior do estado, e uma de suas filhas teria apresentado alguns problemas de saúde. Por esse motivo, a mulher começou a realizar outros trabalhos para complementar a renda e comprar os remédios para a filha”, comentou a titular.
A autoridade policial relatou que a mulher chegou a realizar alguns serviços para o homem, mas ao finalizar os trabalhos, se tornou próxima da família dele. Tendo isso em vista, ela deixou que a filha mais velha, que na época tinha 13 anos, viesse morar em Manaus, na casa do infrator, para cursar o 9º ano do Ensino Fundamental.
“Posteriormente, a mãe teria deixado que sua outra filha também viesse morar com a irmã na casa do infrator, mas que tinha notado uma mudança de comportamento em ambas as filhas. No local, as vítimas faziam serviços domésticos para o homem e recebiam cerca de R$ 300 e R$ 400 por mês”, salientou.
Na unidade especializada, a declarante afirmou, ainda, que soube por uma parente que as filhas dela eram frequentemente abusadas pelo homem, inclusive eram ameaçadas por ele com uma arma de fogo, para que não contassem a ninguém.
“Uma das vítimas relatou a prática do conhecido estupro corretivo, pois o infrator havia descoberto a orientação sexual dela, e passou a cometer os abusos, a fim de ‘corrigir’ a sexualidade da adolescente”, detalhou Joyce Coelho.
O mandado de prisão em seu nome foi decretado na segunda-feira (11/07), pela juíza Larissa da Silva Viega, da Vara de Execução Penal. Ele também foi preso, em flagrante, por posse ilegal de arma de fogo.
Maués
Ainda no âmbito da Operação, de acordo com o delegado Rafael Schmidt, titular da 48ª DIP de Maués, foi realizada a prisão de um homem de 33 anos, pelo crime de tortura, praticado contra suas filhas, de 11 e 14 anos.
“As diligências iniciaram após uma conselheira tutelar de Manaus representar uma denúncia, depois de receber informações da escola das vítimas, de que o pai das meninas costumava cometer violência doméstica contra a própria esposa, bem como contra as menores de idade”, disse o delegado.
Segundo Schmidt, as filhas passaram a apresentar problemas perceptíveis na escola, inclusive a mais nova chegou a se automutilar, além de apresentar sintomas de ansiedade e até tentou tirar sua vida.
“Diante desse quadro, as vítimas relataram na escola que o pai delas as agredia diariamente e também fazia tortura psicológica. O mandado de prisão preventiva em nome dele foi expedido no dia 8 de julho deste ano, pelo juiz Micael da Silva Caldas, da Vara de Execução Penal”, relatou.
Procedimentos
O idoso de 62 anos responderá por estupro de vulnerável e posse ilegal de arma de fogo, já o homem de 33 anos responderá por tortura. Ambos ficarão à disposição do Poder Judiciário.
FOTOS: Erlon Rodrigues/PC-AM