Um estudo realizado por pesquisadores do Amazonas e de São Paulo busca incrementar a dieta do tambaqui (Colossoma macropomum) com resíduos de frutos amazônicos. A pesquisa, que conta com apoio do Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), pretende contribuir para a elaboração de rações práticas, econômicas e sustentáveis, impactando diretamente na economia de custo da produção da espécie.
O objetivo do projeto é avaliar a habilidade metabólica do tambaqui em utilizar ingredientes ricos em carboidratos baseados no efeito poupador de proteína com o uso de ingredientes convencionais e regionais (alternativos), possibilitando o desenvolvimento de um pacote tecnológico sustentável para a produção desta espécie, como explica Jony Koji Dairiki, coordenador do estudo e pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental.
“A mistura de ingredientes proporciona uma melhor nutrição para o tambaqui atendendo à exigência animal por fase de criação, desta forma, o uso dos carboidratos oriundos de polpas de frutas, entre outros ingredientes regionais, contribuirá em parte fornecendo nutrientes para o peixe, entretanto, há necessidade eminente do correto balanceamento para fornecer uma ração adequada para o tambaqui”, complementa.
A pesquisa está baseada no conceito da economia circular com os pilares da reutilização, recuperação e reaproveitamento de ingredientes, desta forma, em primeiro lugar serão prospectados os resíduos da extração da polpa de frutas como acerola, goiaba, camu camu, murumuru, entre outras frutas regionais. No projeto também são analisados os caroços do cupuaçu e a casca de tucumã para produção de farinha.
“Estes serão analisados para determinação da composição bromatológica e avaliados em experimentos que serão executadas nas instituições parceiras da proposta, na nutrição de juvenis e de tambaquis destinados a engorda, com o intuito principal de produzir informações que irão subsidiar a fabricação de rações regionais”, explica.
Resultados esperados
A pesquisa se encontra em fase intermediária de ações em que os primeiros ensaios propostos no estado de São Paulo foram realizados e estão sendo analisados. A previsão é que o projeto seja concluído ainda no segundo semestre de 2022.
Com o compilado de informações geradas pela pesquisa será possível o desenvolvimento de rações economicamente eficientes (reduzido teor proteico), com níveis nutricionais seguros para a fisiologia do animal (capacidade metabólica) e ambientalmente adequadas (adequada digestibilidade e reduzida excreção) utilizando ingredientes de disponibilidade nacional (ingredientes convencionais) e na região amazônica (ingredientes alternativos), contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento da cadeia produtiva do tambaqui.
Apoio Fapeam
O projeto recebe fomento do Governo do Amazonas, por meio da Fapeam, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), via Chamada Pública Nº 001/2020, que estimula pesquisa colaborativa entre pesquisadores de ambos os estados. “A possibilidade de estimular a colaboração em pesquisa entre pesquisadores e equipes sediados nos dois estados contribui para a troca de expertises, compartilhamento de informações, otimização do investimento e a união de esforços para iniciativas conectadas, tecnológicas, modernas e acessíveis”, comenta Jony Koji.
Parceria
Pela Fapesp, o estudo é coordenado pelo pesquisador Leonardo Sussumu Takahashi, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O grupo conta ainda com a participação dos pesquisadores Érico Luis Hoshiba Takahashi, Rodrigo Yukihiro Gimbo, Rondon Tatsuta Yamane Baptista de Souza, Cheila de Lima Boijink e Juliana Tomomi Kojima.
FOTO: Acervo do pesquisador Jony Koji Dairiki e equipe do projeto