As vacinas representam um marco na história da saúde humana. Duzentos e vinte e seis anos após a sua invenção, continuam sendo a forma mais eficaz e a única de prevenção a doenças transmissíveis graves, como varíola, poliomielite, rubéola, sarampo e, mais recentemente, contra casos graves de covid-19, entre outras. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que os imunizantes salvam mais de 3 milhões de vidas por ano em todo o planeta
No Brasil, o alerta para o risco de volta dos casos de poliomielite e sarampo, e a preocupante redução na cobertura de diversas vacinas, mobilizam iniciativas das redes pública e privada de saúde. O Grupo Sabin, por exemplo, criou o movimento #Vacina em Dia, para promover a conscientização popular sobre a imunização e entender a relevância de manter atualizado o cartão vacinal em todas as fases da vida. Afinal, os efeitos dessa poderosa ferramenta vão muito além da proteção individual.
“Quando as pessoas de uma comunidade são vacinadas, diminui a incidência de determinadas doenças até que toda a população esteja protegida e não sejam notificados novos casos. E em relação à Covid-19, muitas hospitalizações e mortes são evitadas”, comenta a responsável técnica pelo serviço de vacinação do Sabin Medicina Diagnóstica em Manaus, enfermeira Gueine Araújo.
Visando despertar essa consciência na população, celebra-se, em 9 de junho, o Dia Mundial da Imunização, cujo foco é promover a importância da prevenção no controle de epidemias. “Desde a invenção da primeira vacina que se tem registro no mundo, em 1796 (contra varíola), a proteção prévia mostrou-se essencial para evitar a propagação de doenças, assim como para diminuir as complicações mais graves de muitas enfermidades”, destaca a enfermeira.
Segundo o Ministério da Saúde, “as vacinas treinam o sistema imunológico para criar anticorpos, assim como quando é exposto a uma doença. No entanto, como elas contêm apenas formas mortas ou enfraquecidas de micro-organismos, como vírus ou bactérias, não causam a doença nem nos colocam em risco de suas complicações”. O mesmo documento afirma que os imunizadores “são fundamentais para a prevenção e o controle de surtos de doenças infecciosas, sustentando a segurança sanitária global”.
Vacinação no Brasil e Amazonas
Mesmo com todo o histórico de contribuição das vacinas para a saúde mundial, há algum tempo, países vêm enfrentando dificuldades em alcançar as metas de proteção das suas populações. No Brasil, dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) mostram queda nos indicadores dos últimos três anos, com o país saindo de uma cobertura de 73,44%, em 2019, para 66,93% em 2020, e 59,22% em 2021. Uma realidade que se reflete em quase todos os estados brasileiros. No Amazonas, por exemplo, a cobertura vacinal caiu de 79,80%, em 2019, para 65,14% em 2020, e 60,16% em 2021.
O fato preocupa porque a baixa adesão está atrelada a outro problema também muito grave, que pode levar ao retorno de doenças já erradicadas: a desinformação. “Por não haver grande número de registros para doenças que no passado assustavam, algumas pessoas acreditam não ser mais necessária a prevenção. Mas isso é um equívoco, pois é no momento em que cai a cobertura que se vê o retorno de doenças das quais o país já estava livre, caso do sarampo no Amazonas”, comenta a responsável pelo serviço de vacinação no Sabin.
O SI-PNI mostra que, no Estado, a aplicação da 1ª dose da tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) saiu de 92,12% em 2019 para 71,61% em 2021. Já a proteção contra poliomielite caiu de 83,29% em 2019 para 65,93% em 2021. “As sequelas dessas doenças graves podem afetar o indivíduo por toda a vida. As vacinas são uma proteção segura e eficaz. No caso do sarampo, há riscos de cegueira e de surdez; já a pólio, pode resultar em paralisia permanente”, reforça Gueine Araújo.
Também chama a atenção a queda nos índices de proteção para doenças com alta incidência no Amazonas ou endêmicas na região, como a tuberculose e a febre amarela, respectivamente. A primeira saiu de 93,27% para 85,85% no último triênio. Já a segunda despencou de 74,10% para 53,69%. “É preciso reforçar que as vacinas são feitas a partir de métodos científicos muito rigorosos. Antes de serem autorizadas, passam por diversas fases de avaliação e validação dos órgãos competentes”, comenta a responsável pelo serviço de imunização do Sabin.